Jorge Jesus está na final do Mundial de Clubes. "É a mais importante da minha carreira"

O Flamengo venceu o Al-Hilal por 3-1 e na final de sábado, em Doha, tem encontro marcado com o vencedor do jogo entre o Liverpool e o Monterrey. Tal como na Libertadores, a segunda parte foi decisiva com a entrada de Diego
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Depois da conquista da Taça Libertadores e do campeonato brasileiro, o Flamengo de Jorge Jesus está na final do Mundial de Clubes e a um passo de completar um ano de verdadeiro sonho. O clube brasileiro venceu nesta terça-feira o Al-Hilal, da Arábia Saudita, por 3-1, e tem presença marcada no jogo decisivo de sábado em Doha, no Qatar, onde vai defrontar o vencedor do desafio entre o Liverpool e o Monterrey do México, que só jogam nesta quarta-feira.

"É a final mais importante da minha carreira", assumiu o técnico português, em conferência de imprensa. "É a cereja em cima do bolo em relação à época que o Flamengo fez, aconteça o que acontecer na final fantástica", sublinhou Jorge Jesus.

Já antes, logo após o final do jogo, em declarações à RTP3, o treinador falava numa "alegria muito grande". Jesus elogiou a atitude dos seus jogadores que na segunda parte deram a volta ao resultado, depois de irem para intervalo a perder pela margem mínima. "Uma equipa que nos momentos decisivos nunca falha", destacou.

"Falei com a equipa, sabia que o Al-Hilal iria ter momentos de desconcentração na segunda parte porque o jogador árabe é assim, eu conheço, trabalhei com eles, e sabia que tínhamos de melhorar", disse Jorge Jesus. As palavras do treinador, conta, dirigiram-se, sobretudo, a dois jogadores. "Ou eles puxavam a equipa para cima ou a equipa iria ter problemas. E eles conseguiram puxar a equipa para cima. A segunda parte foi mais fácil com mérito da nossa equipa e com alguma dificuldade do Al-Hilal de nos segurar", analisou Jorge Jesus, que agradeceu o apoio dos portugueses. "Sei que lhes tenho dado um bocadinho de alegria porque sentem que um português está a fazer um pouco de história no futebol do Brasil".

No futebol nunca se sabe, mas todos os caminhos apontam no sentido de no sábado, a partir das 17.30 horas em Portugal Continental, haver uma reedição da final da Taça Intercontinental de 1981, entre o Liverpool e o Flamengo. Naquele dia 13 de dezembro, no Estádio Nacional de Tóquio, o clube carioca com Zico, Júnior, Nunes, Mozer, Leandro, entre outros, bateu os ingleses treinados por Bob Paisley, por 3-0, numa equipa que tinha como maiores estrelas os escoceses Graeme Souness e Kanny Dalglish.

O Flamengo entrou em campo nesta terça-feira na condição de favorito. Não só por defrontar uma equipa de um campeonato quase sem projeção como o da Arábia Saudita, mas também pelo facto de Jesus conhecer o Al-Hilal como a palma das suas mãos, já que orientou a equipa durante sete meses (venceu a Supertaça da Arábia Saudita) e trabalhou com a quase totalidade dos jogadores, muitos deles contratados a seu pedido. Só que no campo não foi bem isso que se viu. Aliás, a primeira parte foi toda dos sauditas, uma equipa que joga com intensidade e com bons executantes. Mas depois Jesus retificou, fez entrar Diego (determinante, tal como na Libertadores), e na segunda parte o Flamengo deu a volta aos acontecimentos.

O primeiro tempo foi totalmente dominado pelo Al-Hilal, que se colocou em vantagem logo aos 18 minutos. O lance começou em Gionvico, que deixou na direita para o lateral Al-Burayak cruzar rasteiro para Al-Dawsari abrir o marcador, depois de a bola tocar no pé de Pablo Mari. Dois minutos antes, o Al-Hilal tinha desperdiçado uma grande oportunidade, num lance em que Diego Alves fez uma grande defesa e na recarga Gomis falhou de forma incrível.

Até ao final da primeira parte, o Flamengo foi incapaz de dar a volta ao texto, mostrando sempre grandes dificuldades em construir lances de ataque e furar a defesa saudita. E foi várias vezes surpreendido com lances de perigo nas transições para o ataque da equipa treinada pelo romeno Razvan Lucescu.

Resultado ou não de acertos táticos e indicações de Jorge Jesus, o Flamengo entrou na segunda parte a jogar com mais intensidade e fez o empate aos 47'. Um golo todo construído pelo trio de ataque. A jogada começou em Gabigol, passou por Bruno Henrique que assistiu o uruguaio Arrascaeta para o golo.

O Flamengo estava bem melhor, e aos 74 minutos Jesus, tal como na final da Libertadores, fez entrar o experiente Diego para o meio-campo, o que se revelou determinante.

Oito minutos depois, os rubro negros marcaram. Diego abriu para Rafinha na direita, o lateral cruzou e Bruno Henrique de cabeça fez o segundo golo. Poucos minutos depois, Al-Bulayhi marcou na prória baliza e abriu caminho ao apuramento do Flamengo para final, mais uma vez num lance com intervenção de Diego. O apito final confirmou a vitória do Flamengo, uma vez mais num jogo de reviravolta. Agora é esperar pela final de sábado à tarde.

No outro jogo realizado nesta terça-feira, os tunisinos do Espérance Tunis golearam o Al-Sadd, do Qatar, por 6-2, no jogo de atribuição do quinto e sexto lugares do Mundial de Clubes de futebol, num jogo em que o avançado libanês Elhouni fez um hat-trick.

O primeiro português a vencer?

O treinador do Flamengo, em caso de vitória na final, pode tornar-se no primeiro técnico português a vencer a prova, o que nunca aconteceu mesmo na Taça Intercontinental.

O FC Porto conquistou a Taça Intercontinental em duas ocasiões, mas em ambas era orientado por técnicos estrangeiros. Em 1987, os dragões eram treinados por Tomislav Ivic quando venceram o Peñarol. E em 2004, diante do Once Caldas, a equipa era orientada pelo espanhol Victor Fernández.

O Benfica chegou a participar em duas edições da Taça Intercontinental, de 1961 e 1962, face aos uruguaios do Peñarol e aos brasileiros do Santos, mas além de terem sido derrotados, em ambas eram liderados por treinadores estrangeiros - o húngaro Béla Guttmann e o chileno Fernando Riera.

O único português que chegou a ter aspirações de vencer a prova foi Manuel José, que na edição de 2006, ao comando dos egípcios do Al-Ahly, chegou a estar nas meias-finais da prova, acabando no terceiro lugar.

Jorge Jesus pode ainda dar neste sábado uma grande ajuda ao Brasil. É que caso o Flamengo vença o Mundial de Clubes, o Brasil iguala os 11 títulos conquistados pelos emblemas espanhóis, contabilizando a antecessora Taça Intercontinental. O São Paulo é o clube brasileiro com mais troféus (3); o Real madrid o emblema espanhol (7).

Atualizado às 20:40

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