FIFA castiga fama de Cristiano Ronaldo, mas defende-lhe o talento

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Lukas Podolski foi considerado o melhor jogador jovem do Mundial 2006 (nascido depois de 1 Janeiro de 1985) por uma questão "de critério". Mas Cristiano Ronaldo perdeu por uma questão de fama - as duas coisas ficaram claras na agitada conferência de imprensa do Estádio Olímpico de Berlim.

Os jornalistas ingleses continuam a explicar a derrota com Portugal recorrendo à alegada pressão de Ronaldo sobre o árbitro no lance que originou a expulsão de Rooney - que pisou Ricardo Carvalho. "Sendo Ronaldo um batoteiro, não será um mau exemplo ter ficado em segundo lugar?". A pergunta de um repórter inglês, apesar de opinativa, tinha razão de ser. "Fomos críticos em relação ao comportamento [de Ronaldo]", admitiu Holger Osieck, chefe do comité de estudos técnicos da FIFA, que decidiu a atribuição do prémio. "Mas não é necessário chamarem batoteiro a Ronaldo, porque ele é jovem e os jovens cometem erros".

Lottar Matthaus, glória alemã que emprestou a imagem ao trofeu, foi ainda mais compreensivo com o jovem português. "Não vamos crucificar o Ronaldo por ter pedido um amarelo. Pode ter cometido um erro, mas não foi o único a fazê-lo no mundial ? Pelo amor de Deus, pode não ser fair play, mas isto é futebol ", defendeu, acrescentando: "O Maradona também marcou um golo com a mão e ninguém lhe chama batoteiro". "Vá", dizia virado para os ingleses, "perdoem o Ronaldo".

Maradona tinha sido já argumento do lado português - a imprensa portuguesa não engoliu muito bem a derrota de Ronaldo para o avançado da casa. E foi um italiano, num característico jeito teatral do país que marca presença amanhã na final, a dar o tom. "Ronaldo fez uma primeira parte frente à França como o Maradona. Não será uma questão de jeito premiar um jogador que já estava em Berlim [base de trabalho da Alemanha]?".

O comité de estudos técnicos defende que não. E tem argumentos para isso, aliás. "A Alemanha jogou 600 minutos e Podolski 560, marcou três golos, fez uma grande dupla de ataque com Klose - marcaram oito dos 11 golos da Alemanha, foi um dos factores dessa eficácia", justificou Osieck. "Não é preciso discutir a qualidade de Ronaldo, que jogou 390 minutos e marcou um golo de penalty", acrescentou, dando um passo para se perceber, além das estatísticas, outros motivos por trás do triunfo de Podolski. "Também nos preocupamos com o papel de modelo que têm para os jovens".

Os critérios do grupo de 14 membros do Grupo de Estudos Técnicos (GTE) da FIFA para a atribuição do prémio contemplaram o estilo, carisma, fair play, apetência para o jogo e técnica dos jogadores. Os outros quatro jovens finalistas candidatos ao prémio eram: Messi (Argentina/Barcelona), Valencia (Equador/Huelva), Barnetta (Suíça/ Leverkusen) e Fabregas (Espanha/Arsenal).

Podolski queria o título

O avançado alemão Lukas Podolski considerou o prémio como um "um estímulo" para a carreira. "Gostava de levar o título mundial , mas este prémio é um estímulo. Ao marcar o primeiro golo libertei-me de muita pressão. Já tive oportunidades de marcar frente à Costa Rica ou Polónia, mas o importante era continuar no torneio", afirmou o avançado.

Em relação ao jogo com Portugal, Lukas Podolski reconheceu que "é difícil preparar-se para o jogo de atribuição do terceiro lugar, após perder a meia-final", mas garante que os alemães vão lutar pelo último lugar do pódio. O "príncipe" Podolski, como é conhecido na Alemanha antevê, ainda, que a selecção gaulesa será a campeã do Mundo.

Perfil

Lukas Podolski

Avançado

21 anos

Nascido na Polónia emigrou com os pais para a Alemanha quando era ainda criança

Primeiro futebolista a conquistar o troféu para o melhor jogador jovem do Campeonato do Mundo, o avançado formou-se no Colónia, clube que desceu à II Divisão alemã, e antes do início do Mundial transferiu-se para o Bayern de Munique. Marcou três golos neste Mundial e conta no seu currículo com 31 internacionalizações e 15 tentos apontados.

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