"O que peço à Senhora do Monte é que saiamos desta crise o mais rápido possível e que os nossos políticos orientem o país com mais juízo", disse à agência Lusa Georgina Gonçalves, de 40 anos, residente no Funchal, numa passagem, com a família, pelo Monte..Também acompanhada pela família, Fátima Gonçalves, de 47 anos, moradora em Câmara de Lobos, espera, igualmente, que o seu pedido chegue ao céu: "Só quero que a 'troika' nos largue da mão".."Que não metam mais as mãos nos nossos bolsos", insistiu Fátima Gonçalves, justificando a presença no Monte com a "tradição", mas também com a "devoção" que cedo conheceu e que, religiosamente, cumpre ano após ano naquela que é considerada a maior festa religiosa da Madeira, no dia em que a Igreja Católica assinala a assunção da Virgem..Nas imediações do templo, engalanado por dentro e por fora e guardião dos restos mortais do imperador da Áustria e rei da Hungria, hoje beato Carlos, que faleceu em 1922, na Madeira, onde se exilou, estende-se o lado secular da festa, com carrossel, passeios a cavalo, animação musical e os tradicionais "comes e bebes" regionais, como o bolo do caco ou a poncha..Cátia Andrade, de 31 anos, assegurou que se nota "menos afluência" de fiéis sequiosos no bar que instalou no dia 05, quando começou a novena..Ainda que confiante de que até quarta-feira o vaivém de pessoas venha a colmatar o menor movimento dos primeiros dias, a jovem não poupa nos pedidos à santa: "Trabalhinho" sem esquecer "saúde"..Confiança também não falta a "José das velas", como diz ser conhecido: "Quando há momentos de dificuldades as pessoas compram mais [velas]", garantiu o vendedor, de 52 anos, sentado enquanto espera pelos peregrinos, de toda a ilha, mas também emigrantes, que fazem do Monte local de romagem obrigatória até dia 15..O pároco, Giselo Andrade, de 31 anos, admitiu que em tempos de crise aumentam os pedidos à santa, mas também os agradecimentos: "Nesta altura, as pessoas sentem um apelo a vir retribuir aquela ajuda interior, de força, que, durante o ano, foram procurando e encontrando"..Giselo Andrade reconheceu, contudo, que a tradição possa já não ser o que foi, quando este arraial era quase uma exclusividade na ilha.."Agora multiplica-se todo o tipo de propostas", declarou o sacerdote, convencido de que esta crise é oportunidade: "Também se vai apurando o sentido religioso. Quem não vem para rezar, com certeza que tem muitas outras propostas até muito interessantes, de música, de divertimentos..."..Na quarta-feira, o momento mais aguardado da festa do Monte, cuja igreja foi construída no local da capela dedicada a Nossa Senhora da Encarnação erguida pelo primeiro homem nascido na região, é a missa, às 11:00, presidida pelo bispo do Funchal, António Carrilho, a que se segue a procissão.