Fenprof estima que 20 mil a 30 mil alunos continuem sem aulas por falta de professores

A situação mais grave é no distrito de Lisboa, onde desde 15 de setembro estiveram a concurso na contratação de escola 2.993 horários, 43% do total
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Entre 20 mil e 30 mil alunos continuam sem algumas aulas por falta de professores, estimou esta quinta-feira a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) com base nos horários ainda a concurso que ascendiam às 4.200 horas na terça-feira.

Segundo um balanço feito esta quinta-feira pela Fenprof em conferência de imprensa, desde o início do ano letivo estiveram a concurso na contratação de escola 6.739 horários que, entre horários completos, incompletos, anuais e temporários, totalizam cerca de 81 mil horas.

O número de horários por preencher neste regime, a que as escolas recorrem quando não conseguem ocupar todos os lugares através das reservas de recrutamento, estabilizou nas últimas semanas, mas na terça-feira encontravam-se ainda a concurso 394 horários, o correspondente a 4.200 horas.

Segundo Vítor Godinho da Fenprof, que reuniu os dados, estes números traduzem-se em cerca de 964 turmas, entre 20 mil a 30 mil professores, que não têm ainda todos os professores e, por isso, continuam sem aulas a algumas disciplinas.

Olhando para a contratação de escola, a carência de professores tem-se mantido relativamente estável ao longo das últimas seis semanas, depois de ter atingido um pico entre 20 e 24 de setembro.

A situação é mais grave no distrito de Lisboa, onde desde 15 de setembro estiveram a concurso na contratação de escola 2.993 horários, 43% do total.

Seguem-se os distritos de Setúbal (1.321 horários, o equivalente a 18% do total), Faro (566 horários, 10,5%), Porto (286 horários, 4%), Santarém (251 horários, 4%) e Beja (204 horários, 3,5%).

Por grupos de recrutamento, Informática é o caso mais problemático, com 831 horários na contratação de escola desde o início do ano letivo, seguindo-se Física e Química (573), Português (539), Inglês (472) e Matemática (447).

Durante a apresentação dos dados, Vítor Godinho deu exemplos concretos de escolas onde faltam professores, referindo a Escola Básica e Secundária Josefa de Óbidos, onde há 18 turmas sem Informática, a Escola Básica 2, 3 D. Sancho I, no Cartaxo, com sete turmas sem Espanhol ou a Escola Secundária de Bocage, em Setúbal, com seis turmas sem professor de Matemática e/ou Física e Química.

O problema da falta de professores foi reconhecido na quarta-feira pelo Ministério da Educação, depois da apresentação de um estudo da da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, divulgado esta quinta-feira, que estima que dos 120 mil docentes em funções no ano letivo 2018/2019 deverão aposentar-se 39% até 2030/2031.

Para tentar resolver os horários por preencher, a tutela criou uma 'task-force' constituída por elementos da Direção-Geral de Estabelecimentos de Ensino e da Direção-Geral da Administração Escolar, que vão colaborar diretamente com as escolas para avaliar as situações de carência em concreto.

A medida foi considerada pela Fenprof como um movimento de "ilusionismo", justificando que os diretores escolares têm competência para resolver a falta de professores, mas já esgotaram todas as possibilidades.

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