FBI segue mais de duas mil pistas em ataque de Boston

As autoridades federais estão a investigar mais de duas mil pistas relacionadas com os ataques à bomba de segunda-feira no final da maratona de Boston e, de acordo com informações que vão surgindo, será de privilegiar uma pista islamita. Uma hipótese reforçada pelo anúncio de que as bombas teriam sido preparadas de forma semelhante à empregue nos ataques contra soldados dos EUA no Afeganistão e Iraque.
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A notícia de que os engenhos explosivos detonados no final da maratona de Boston seriam semelhantes aos empregues pelos grupos islamitas nos seus ataques contra as forças americanas no Iraque e Afeganistão foi dada pelo senador republicano Michael McCaul, do Texas, após uma reunião com agentes das agências federais onde foi feito o ponto da situação sobre as investigações em curso.

Segundo o FBI, as bombas eram de origem rudimentar, baseadas em panelas de pressão cheias de explosivos e pregos e outros objetos cortantes para servir metralha e aumentar o número de vítimas, e estavam acondicionadas em mochilas de cor negra, que não terão chamado a atenção atendendo ao elevado volume de lixo e de objetos relacionados com a prova desportiva dispersos por toda a parte junto da meta.

O FBI confirmou que a autoria do ataque que causou três mortos e 176 feridos ainda não foi reivindicada e que "um vasto leque de suspeitos" está a ser seguido, disse em conferência de imprensa, Rick DesLauriers, um responsável desta agência federal de segurança em Boston. DesLauriers confirmou estarem "em aberto mais de duas mil pistas" e que as motivações do atentado continua por esclarecer.

O mesmo agente lançou um apelo "aos amigos, vizinhos, familiares ou colegas de trabalho" que tenham ouvido alguém mencionar nas suas conversas a maratona a revelarem "essas informações", de modo a estabelecer se "houve ou não envolvimento na preparação do ataque. Este, além da morte da morte de Martin Richard, uma criança de oito anos, que morreu após ter beijado o pai que acabava de passar a linha de meta, tirou a vida a Krystie Campbell, uma gerente de restaurante de 29 anos, que assistia à maratona, e ainda a um estudante de origem chinesa, que frequentava a Universidade de Boston.

O ataque, além da possibilidade de grupos extremistas internos, foi relacionado quase de imediato com o cenário de uma operação islamita, o que, a confirmar-se, está a preocupar as associações muçulmanas dos EUA e de Boston em particular. "Em todas estas circunstâncias, há sempre algo que devemos ter presente: a possibilidade de represálias contra os muçulmanos", declarou à AFP um porta-voz do Conselho das Relações Américo-Islâmicas. "Vamos ver agora como evolui o inquérito", referiu ainda.

Esta preocupação encontra eco no passado recente quando, após o 11 de setembro de 2001, o número de crimes e atos de racismo religioso e étnico contra muçulmanos e árabes aumentou consideravelmente nos EUA. Em complemento, notava um investigador árabe radicado nos EUA, Sahar Aziz, o "estereotipo do muçulmano terrorista e traiçoeiro enraizou-se profundamente na cultura americana", e isso não deixará de ter consequências, caso venha a confirmar-se a pista islamita no atentado de Boston.

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