A polícia federal dos EUA (FBI, na sigla em Inglês), confirmou na quarta-feira que comprou o programa informático espião Pegasus, do grupo israelita NSO, com uma comprovada utilização extensa contra políticos, dissidente, defensores dos direitos humanos e jornalistas..A decisão deveu-se à vontade de "se manter a par das tecnologias emergentes e do ofício"..Em comunicado, o FBI acrescentou que obteve uma licença limitada da empresa israelita "apenas para testar e avaliar o produto", sem qualquer intenção de o usar operacionalmente ou para apoiar qualquer intervenção..Mas os críticos questionam a razão que levou a principal agência de defesa da lei a ter de pagar para aceder a um instrumento notório de vigilância, que tem sido muito procurado, se os seus interesses são tão limitados.."Gastar milhões de dólares para encher os bolsos de uma empresa que é conhecida generalizadamente por facilitar abusos dos direitos humanos, por possíveis atos criminosos e por operações que ameaçam a própria segurança nacional dos EUA, é completamente perturbador", disse Ron Deibert, diretor do Citizen Lab, o observatório da internet, da Universidade de Toronto, que revelou dezenas de invasões com o Pegasus desde 2016.."Pelo menos, isto parece uma forma terrivelmente contraprodutiva, irresponsável e mal concebida" de se manter a par da tecnologia de vigilância, acrescentou..Um porta-voz do FBI não revelou quanto nem quando é que a polícia pagou ao NSO, mas o The New York Times reportou na semana passada que a licença, com a duração de um ano, custou cinco milhões e que a tecnologia foi testada em 2019..Na quarta-feira, o The Guardian citou uma fonte conhecedora do caso que adiantou que o FBI pagou quatro milhões de dólares para renovar a licença, mas nunca usou o programa-espião, que invade o telemóvel do alvo, garantindo acesso a todas as suas comunicações e localização e convertendo-o de facto em um instrumento remoto de espionagem..Em novembro, o Departamento do Comércio dos EUA colocou o grupo NSO «na sua lista negra, o que o impede de aceder à tecnologia dos EUA. Posteriormente, a Apple processou o grupo, designando-o como "mercenários amorais do século XXI"..Na terça-feira, a polícia de Israel anunciou que encontrou provas que apontam para o uso não autorizado de 'spyware' (programas informáticos de espionagem) usados pelos seus próprios agentes na escuta de telefones de cidadãos do Estado hebreu..O anúncio surge duas semanas após um jornal israelita ter noticiado uma série de casos em que a polícia usou o 'software' Pegasus, do NSO Group, para vigiar manifestantes, políticos e suspeitos de crimes, sem que existisse uma autorização de um juiz..As notícias causaram indignação em Israel e levaram o procurador-geral e os deputados a iniciar investigações.