"Farol da social-democracia na Europa vai a eleições", diz o Guardian sobre Portugal

Jornal britânico destaca "o acordo inédito" feito em Portugal, conhecido como geringonça, que trouxe "estabilidade económica e financeira ao país".
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"Nos últimos quatro anos, o imponente palácio de São Bento, sede do parlamento de Portugal, foi palco de um dos feitos mais improváveis ​​da governança europeia", escreveu o The Guardian nesta quinta-feira. Segundo o jornal britânico, Portugal provou ser "um farol duradouro, embora improvável, da social-democracia", enquanto os partidos populistas cresceram nos dois extremos do espetro político noutros países.

Embora a coligação Portugal à Frente, que juntou PSD e CDS-PP, tenha vencido as eleições a 4 de outubro de 2015, recorda o mesmo jornal, o Governo de Pedro Passos Coelho teve uma vida curta. Durou apenas 11 dias, tendo sido derrubado pelo líder socialista António Costa, "graças à promessa de 'virar a página da austeridade'" e à aliança com os partidos da esquerda.

Desde então, escreve o correspondente Sam Jones, Costa e os seus apoiantes "no Bloco de Esquerda e nos partidos comunistas confundiram as expectativas, mantendo um acordo inédito conhecido como geringonça - ou solução improvisada".

Ao mesmo tempo, diz o Guardian, trouxeram "estabilidade económica e política a um país que recebeu um resgate financeiro de 78 mil milhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional durante a crise financeira há oito anos".

E enquanto Portugal se prepara para ir a votos no domingo, António Costa "espera que o seu histórico lhe traga outro mandato". Por agora, as sondagens sugerem que o PS é o partido com mais intenções de votos, mas sem maioria absoluta.

O The Guardian recorda o discurso do secretário-geral do PS em Coimbra, esta semana, onde António Costa se congratulou por a sua geração de socialistas "ter derrubado o muro" da incomunicabilidade entre as forças de esquerda em 2015, formando a atual solução política governativa.

"Alguém acredita verdadeiramente que sem o PS o país teria simultaneamente virado a página da austeridade e recuperado a credibilidade internacional, que teria simultaneamente recuperado os rendimentos e manter a confiança no investimento, teria reduzido as desigualdades e alcançado contas certas. Não, sem o PS isto não teria sido possível", disse o primeiro-ministro, destacando que é necessário um "PS forte" para manter as coisas no caminho certo.

Ouvido pelo jornal britânico, André Azevedo Alves, cientista político da Universidade Católica Portuguesa, diz que a grande conquista de António Costa foi conseguir quatro anos de um governo "relativamente estável". Até porque a maioria das pessoas não achava que duraria "mais do que um ou dois anos".

Para este especialista, a estabilidade política é o grande fator que os socialistas têm do seu lado, pois havia um "elevado ceticismo" em relação a este governo.

"Apesar de toda a conversa sobre 'o milagre português'", diz o Guardian, o Governo de Costa não foi "imune a críticas, erros, escândalos ou corrupção".

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