Famílias gastaram mais 16 milhões no super em abril
O país começou a sair à rua, mas em abril as famílias portuguesas continuaram a reforçar as suas compras no super: num mês gastaram 809 milhões de euros, mais 16 milhões do que há um ano. Bebidas (+21,6%) e artigos de higiene pessoal (+9,5%) foram os produtos com que os portugueses mais reforçaram o cabaz. Na primeira semana de maio, dizem os dados da ReUniq, que monitoriza os pagamentos em cartão eletrónico, os negócios portugueses registam uma subida de 17% face a valores pré-pandemia.
Com o país a confinar mal começou o ano, com os negócios físicos fechados e com os restaurantes a funcionar apenas com entregas em casa ou takeaway, as famílias reforçaram as despensas cada vez que visitavam os super. Até 25 de abril gastaram 3,221 mil milhões de euros em produtos de grande consumo, uma subida 4,6% em relação a igual período do ano passado. Na prática, em quatro meses gastou-se mais 141 milhões do que os 3,080 mil milhões acumulados de há um ano, apesar de na época, entre março e maio, o país ter recolhido a casa por causa da pandemia, levando a um disparo de 11,6% nas compras no retalho alimentar em relação a 2019, segundo os dados do Market Track, da NielsenIQ.
Uma subida do consumo no super que se manteve em abril. Nesse período, 29 de março a 25 de abril, "os bens de grande consumo alcançam um crescimento de 2% sobre um período homólogo que já era muito positivo (+8,2% em 2020)", destaca a NielsenIQ.
Nem todas as categorias beneficiaram deste aumento de procura. As bebidas voltaram a ganhar destaque nas opções de compra: é a que mais cresce (+21,6%), depois de em março já ter registado uma subida de 30,2%, beneficiando tanto as marcas de distribuição (+21%) como de fabricante (+21,8%).
Desodorizantes ou champôs também deverão ter sido mais requisitados pelas famílias. Se em março, com o país confinado, a higiene pessoal foi a categoria que mais recuou face a março do ano passado (-18,9%), em abril foi, depois das bebidas, a que mais cresceu: 9,5%. Um aumento de procura que se fez sentir sobretudo nas marcas de distribuição (+13%), mas também nas marcas de fabricante (+8,1%).
Higiene do lar mantém a mesma dinâmica negativa do mês anterior - em março recuou 15,9% - apresentando um decréscimo de 1,3% em abril. "Nesta categoria, as marcas da distribuição (+0,1%) e as marcas de fabricante (-2,0%) crescem a ritmos opostos", indica a NielsenIQ.
E o mesmo ocorre na alimentação, com as compras nesta categoria a voltar a cair em abril: um recuo de 2,8% - afetando tanto as marcas próprias dos super (-1,4%) como as dos fabricantes (-3,9%) - depois de em março terem diminuído 8%. A reabertura dos restaurantes - que já puderam servir refeições em sala e nas esplanadas, em abril -, libertando as famílias da confeção obrigatória das refeições em casa, poderá explicar esta evolução negativa na procura.
Os dados da ReUniq - que monitoriza os pagamentos em cartão eletrónico da rede Unicre - dão sinal de uma subida de atividade da restauração, em particular a partir de maio. Se na terceira fase do plano de desconfinamento este setor apresentava quebras de 30% face a 2019, "na última semana, devido à diminuição das restrições no setor, foram atingidos níveis pré-pandemia, com um crescimento de 92% quando comparados o último fim de semana de abril e o primeiro fim de semana de maio".
"Quando analisada a faturação proveniente de cartões nacionais, os negócios portugueses registam uma subida de 17% na semana de 3 a 9 de maio, em comparação com o mesmo período de 2019", informa a ReUniq. Uma evolução positiva que não se faz sentir na faturação proveniente de cartões estrangeiros, que se manteve em quebra (-65%) nesse período. "Face ao fim de semana de 24 e 25 de abril, os dois primeiros dias do mês de maio registam um crescimento de 30% (29% correspondentes a faturação nacional e 45% a faturação estrangeira)", diz ainda rede de pagamentos.
"Sobre a faturação proveniente de cartões estrangeiros, o primeiro fim de semana de reabertura de fronteira (1 e 2 de maio) provocou um crescimento de 129% de faturação espanhola e 42% do Reino Unido, relativamente ao fim de semana anterior", diz. Porém, ressalva, "quando comparada a semana de 3 a 9 de maio com a anterior, a faturação espanhola e britânica aumentou apenas 27% e 19%, respetivamente - sendo que, face ao níveis pré-pandemia, estes resultados continuam 45% e 80% abaixo, respetivamente".
Efeito do turismo nos movimentos em cartão de origem internacional que varia por região. Se no distrito de Faro, entre 19 e 30 de abril, houve uma quebra de 38% face ao mesmo período em 2019, que atenuou para quebras de 27% na semana de 3 a 9 de maio, devido à reabertura das fronteiras, no Porto, historicamente um dos distritos mais afetados ao nível da faturação, registam-se "níveis próximos" à pré-covid. Já em Viana do Castelo, de 19 a 30 de abril, os movimentos subiram 5% face a 2019, aumentando para mais de 20% com a abertura das fronteiras nos primeiros dias de maio.