Falar de livros com escritores no sítio onde trabalha o Presidente

Luísa Ducla Soares esteve em Belém para falar com alunos do 1.º e 2.º anos sobre os seus livros e sua experiência. Marcelo foi o anfitrião e ainda ofereceu o lanche e tirou fotografias
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À hora marcada Marcelo Rebelo de Sousa esperava pelos meninos que iam participar na segunda sessão do primeiro dia do programa "Escritores no Palácio de Belém". Os alunos do 1.º ano, apesar de 10 minutos atrasados, chegaram primeiro que os do 2.º ano, que tiveram uma avaria no autocarro. Vinte minutos para lá da hora marcada - as 14.00 - começava a conversa com a escritora Luísa Ducla Soares. De manhã tinha sido a vez de Ana Maria Magalhães receber alunos e de seguida José Jorge Letria,

O atraso não tirou o bom humor ao Presidente da República. Assim que todos se sentaram, Marcelo começou por pô-los à vontade, perguntando a alunos e professoras se ambos se portavam bem. "É muito bom tê-los aqui. Sabem como se chama este sítio? Palácio de Belém, é onde trabalha o Presidente da República e convidámos esta senhora que escreve livros para meninos muito bem para vir aqui falar com vocês. No fim, se se portarem bem, vão ao jardim e dão uma volta. Mas o mais importante hoje é ler livros."

Às palavras de receção do Presidente, seguiram-se as histórias da convidada principal. Nas cadeiras a ouvi-los estavam crianças dos 6 aos 8 anos, o que significa que nem todos sabem ler sozinhos, ainda. Mas, os alunos da escola básica São João de Deus, do agrupamento Dona Filipa de Lencastre, em Lisboa, tinham a lição bem estudada e muitas perguntas preparadas.

Luísa Ducla Soares começou por ler uma lengalenga e recorreu à ajuda da plateia para a completar. A autora, de 77 anos e com mais de 150 livros no currículo, arrancou a primeira exclamação de espanto quando disse que tinha trabalhado na maior biblioteca do país, "onde existem três milhões de livros".

O segundo "ahah" foi arrancado quando Luísa Ducla Soares contou que escrevia os seus livros nos tempos livres e que muitas vezes "começava a escrever às dez da noite e às vezes não dormia".

Os mais pequenos quiseram saber de onde vinha a inspiração para tantas histórias e Luísa Ducla Soares revelou que esta pode vir de uma grande alegria ou de um momento de raiva. Neste último caso deu como exemplo um episódio de violência que viu numa escola. Em que um menino batia com a cabeça de outro contra a parede e depois de várias tentativas para o fazer parar, a escritora dirigiu-se à professora que explicou que ele só fazia isso porque o outro menino era de uma cor diferente. "A raiva que senti nesse momento levou-me a usar a única arma que tinha à minha disposição, que era a caneta. Escrevi o Meninos de todas as cores, que depois fez parte da maleta pedagógica da UNICEF e da Oikos, o que muito me orgulha".

A sessão terminou com uma corrida até à varanda, com vista para os jardins. Sob o desafio em tom de brincadeira de Marcelo Rebelo de Sousa: "O último a chegar é parvo." Uma vez na varanda, todos juntos - professoras, Presidente da República e alunos - gritaram "banana", enquanto olhavam para as várias câmaras fotográficas.

Depois de várias fotografias, Marcelo deu finalmente a indicação que mais pequenos - irrequietos por natureza - aguardavam: "Agora podem ir todos para os jardins". Mas as crianças acabaram por não descer, pararam pelo caminho perante a oferta de sumo de laranja e pastéis de Belém. No meio deste lanche improvisado, Bartolomeu, de 7 anos, contou que gosta de livros. Em casa, no entanto, prefere que os pais lhe contem as aventuras de Harry Potter. Já Madalena, de 6 anos, "não conhecia" Luísa Ducla Soares e as suas histórias preferidas são "a Rapunzel e a Branca de Neve". Na fila dos autógrafos, Luís, de 8 anos, apresenta dois livros da autora para assinar. "Gosto muito das histórias dela, porque são muito divertidas", justifica o fã de palmo e meio.

A iniciativa vai estender-se todas as terças-feiras até 23 de maio. Um sinal "de estimulo à leitura" que é dado pela Presidência, justificou Marcelo Rebelo de Sousa. "A ideia é comunicar às escolas que o Presidente da República patrocina e valoriza a leitura de livros variados, dos autores que são escolhidos pelos professores e pelos alunos no leque do Plano Nacional de Leitura", acrescentou a assessora para a Educação, Isabel Alçada.

Luísa Ducla Soares elogia a iniciativa presidencial e espera que este programa possa "ser um exemplo" e que chame "a atenção para a importância da leitura nas crianças".

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