Exército procura helicópteros para apoiarem militares na República Centro-Africana
O general Nunes da Fonseca informou o Parlamento que o Exército está a "fazer esforços" para os militares destacados na República Centro-Africana (RCA) terem apoio de helicópteros armados de "outros países" nas suas operações de combate.
A informação doi dada pelo chefe do Estado-Maior do Exército na sua primeira audição com a Comissão parlamentar de Defesa, centrada na discussão da proposta de revisão da Lei de Programação Militar (LPM) e que também serviu para o general apresentar a diretiva estratégica do seu mandato.
Os helicópteros "são fundamentais e há um défice" desses aparelhos na RCA, sendo "muito útil" que estivessem a dar apoio aos capacetes azuis portugueses e que "viessem quanto antes" aqueles que Portugal vai adquirir, disse o CEME.
Mas como tão depressa não virão, pois "não há" aeronaves de asa rotativa disponíveis no mercado ou para construir "no prazo de dois anos", a opção passa por tentar que alguns dos países com esses meios no terreno os possam destacar para as missões que os portugueses são chamados a cumprir enquanto força de reação rápida da ONU.
Portugal vai adquirir cinco helicópteros para apoiar as operações das forças terrestres, cabendo à Força Aérea operá-los e mantê-los - algo que até há pouco tempo era visto no Exército como uma linha vermelha, mas que o atual CEME disse "não se traduzir num grande desconforto se, no momento exato, estiverem disponibilizados [pela Força Aérea] para intervirem" com as tropas no terreno.
"Entendemos que, mais do que gerir os helicópteros ou ter na nossa posse, [o importante] é dispor dos mesmos no momento e quantidade necessária", destacou o general Nunes da Fonseca.
Esta posição do CEME, quando questionado diretamente pelo PSD sobre o facto de o Exército não adquirir nem operar helicópteros próprios, acabou por ser um exemplo do que foi a sua audição de três horas: evitar respostas que suscitassem polémica.
Daí que Ascenso Simões (PS) tivesse observado que Nunes da Fonseca recorreu à "tática dos três Pês, paciência, prudência e perseverança" - a que poderia ter juntado "a letra E, de energia".
A proposta de Lei de Programação Militar (LPM) destina 762,5 milhões de euros para o Exército ao longo dos próximos 12 anos, privilegiando a modernização e reequipamento da sua componente ligeira.
O Exército votou inicialmente contra a proposta em Conselho de Chefes de Estado-Maior, por entender que estava a ser prejudicado - embora, como lembrou o PCP, o custo de cada um dos seus programas seja muito inferior aos da Força Aérea ou da Marinha - mas, agora e tudo somado, considera que lhe permite cumprir as suas missões em território nacional e no exterior.