Ex-espião do KGB diz que Rússia cultivou Trump como seu "ativo" durante 40 anos
Donald Trump foi cultivado como um ativo russo durante mais de 40 anos e mostrou-se tão disposto em levar a cabo uma propaganda antiocidental que houve comemorações em Moscovo, disse um ex-espião dos serviços secretos da União Soviética (KGB) ao The Guardian.
Yuri Shvets, enviado a Washington pela União Soviética na década de 1980, compara o ex-presidente dos Estados Unidos aos "cinco de Cambridge", a rede de espionagem britânica que passou segredos a Moscovo durante a Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria.
Shvets, agora com 67 anos, é uma fonte importante para American Kompromat, um novo livro do jornalista Craig Unger, cujos trabalhos anteriores incluem House of Trump, House of Putin. Esta nova obra explora a relação do ex-presidente norte-americano com Jeffrey Epstein.
"Este é um exemplo de que pessoas que foram recrutadas quando eram apenas estudantes e chegaram a cargos importantes; algo assim aconteceu com Trump", disse Shvets.
No livro, Unger diz que Trump apareceu pela primeira vez no radar dos russos em 1977, quando se casou com sua primeira esposa, Ivana Zelnickova, uma modelo checa, tornando-se então o alvo de uma operação de espionagem supervisionada pelo serviço de inteligência da Checoslováquia em cooperação com o KGB.
Três anos depois, Trump abriu o seu primeiro grande empreendimento imobiliário, o hotel Grand Hyatt New York, perto da estação Grand Central, e comprou 200 televisões para o hotel de de Semyon Kislin, um emigrante soviético que era co-proprietário da Joy-Lud Electronics na Quinta Avenida.
De acordo com Shvets, a Joy-Lud era controlada pelo KGB e Kislin trabalhava como um "agente de observação" que identificou Trump, um jovem empresário em ascensão, como um potencial ativo, mas Kislin nega que tenha estad associado ao KGB.
Em 1987, Trump e Ivana visitaram Moscovo e São Petersburgo pela primeira vez, tendo-lhe sigo sugerido por membros do KGB que deveria entrar na política.
"Para o KGB, era uma ofensiva de charme. Eles haviam recolhido muitas informações sobre a sua personalidade, então sabiam quem ele era realmente. A sensação era de que ele era extremamente vulnerável intelectual e psicologicamente, e propenso a elogios", recordou Shvets.
"Foi isso que eles exploraram. Jogaram o jogo como se estivessem imensamente impressionados com a personalidade de Trump e acreditassem que ele seria o homem indicado para um dia tornar-se no presidente dos Estados Unidos: são pessoas como ele que podem mudar o mundo", prosseguiu.
O que é certo é que após voltar aos Estados Unidos após essa visita à Rússia, Trump começou a explorar a hipótese de concorrer para se tornar candidato republicado à presidência dos EUA e até chegou a fazer um comício em Portsmouth, no estado New Hampshire.
Na altura, Trump fez algumas intervenções públicas arrojadas sobre a política externa nos Estados Unidos, expressando ceticismo sobre a inclusão do país na NATO, o que causou espanto júbilo na Rússia.
A vitória de Trump nas eleições presidenciais de 2016 foi, por isso, bastante saudada por Moscovo.