O Exército tem recebido convites dos EUA para conhecer o mais recente monstro blindado de quatro rodas produzido para as tropas de infantaria que operam em teatros de operações como o da República Centro-Africana (RCA), soube o DN..Esta viatura ligeira de combate todo-o-terreno (L-ATV, sigla em inglês) com blindagem reforçada - criada para substituir os atuais Humvee - começou a ser produzida nos finais de 2011 pelo fabricante norte-americano Oshkosh. Em janeiro deste ano, o Exército norte-americano começou a equipar a sua primeira unidade operacional com meio milhar desses veículos de quatro rodas..Fontes militares ouvidas pelo DN reconheceram que o convite norte-americano - por canais diplomáticos e repetido ao longo dos últimos meses - para conhecer o Oshkosh L-ATV visa satisfazer uma necessidade operacional do Exército: ter duas dezenas de viaturas blindadas de gama intermédia, situada entre as futuras URO de quatro rodas (parecidas com os Humvee que estão na RCA) e as Pandur de oito rodas..O custo estimado de cada uma dessas viaturas é praticamente o dobro dos cerca de 180 mil euros que custa uma URO, segundo fontes do setor. Contas por alto, as duas dezenas de que o Exército precisa implicam um investimento não inferior a sete milhões de euros..Fontes parlamentares ouvidas à margem do recente debate na especialidade da Lei de Programação Militar (LPM), aprovada há uma semana em votação final global - pelo PSD, PS e CDS - com a inédita abstenção do PCP e o chumbo do BE, confirmaram que a viatura em causa é o Oshkosh L-ATV de quatro rodas..Em rigor, o Exército colocará a concurso um veículo dessa família para complementar as unidades equipadas com viaturas blindadas Pandur da Brigada de Intervenção. Este programa de modernização, aprovado pelo então ministro da Defesa Paulo Portas com base numa proposta do Exército que apontava para mais de 800 viaturas de oito rodas, acabou por ficar incompleto devido a problemas e a atrasos sistemáticos por parte do fabricante..O Exército acabou por ficar apenas com 187 das 240 Pandur contratualmente adquiridas (em 16 versões). Essas 187 viaturas blindadas correspondem a dez versões, algumas das quais estão atualmente na República Centro-Africana (RCA) com as forças ao serviço da ONU.."É uma lacuna não termos viaturas de comando" nos batalhões e companhias equipadas com as Pandur, observou um oficial do Exército, sob anonimato por não estar autorizado a falar sobre o assunto..No terreno, há uma de duas hipóteses para colmatar essa lacuna: ou o comandante da força está numa Pandur "e é um desperdício" deixar de a empregar como elemento de combate, ou então "vai num jipe" - que é a solução recorrente, assumiu a mesma fonte..Viaturas blindadas lança-morteiros e de mísseis anticarro são outras duas versões que o Exército pretende adquirir com esse programa da nova viatura tática ligeira. No caso dos lança-morteiros, ainda é usado um sistema do tempo da guerra colonial: morteiros rebocados por camiões Unimog..Novas armas e viaturas em 2019.A nova LPM (2019-2030) aprovada na sexta-feira acaba por privilegiar a Marinha e a Força Aérea nos seus primeiros anos de vigência, dado o elevado custo de programas como o das aeronaves KC-390 ou os seis navios de patrulha oceânica e o reabastecedor a construir pela West Sea nos Estaleiros de Viana do Castelo..A prioridade política dada à aquisição desses programas aeronavais assenta no seu impacto para a economia portuguesa e por terem natureza conjunta, nos planos da mobilidade e da sustentação das forças nos teatros de operações externos ou na evacuação de cidadãos portugueses em áreas de crise..As obrigações inerentes ao alargamento da plataforma continental, em análise na ONU e com decisão prevista nos próximos anos, também justificam a prioridade dada à renovação dessas capacidades de transporte tático-estratégico aéreo e naval, de reabastecimento e patrulhamento naval. Daí o adiamento dos programas mais caros do Exército - nas forças médias e pesadas - para a segunda metade dos anos 2020..Contudo, o Exército não ficará nos quartéis a ver, nos próximos anos, a Marinha e a Força Aérea a modernizar-se. Embora os programas venham de trás, a verdade é que o ramo começa em 2019 a receber as novas armas ligeiras FN - substituindo finalmente a velha G3 da guerra colonial - destinadas à Brigada de Reação Rápida e também as viaturas blindadas de transporte de pessoal de quatro rodas URO..Daqui resulta que o deslizar dos programas terrestres mais caros nesta LPM para a segunda metade da próxima década parece redundar num falso problema de imagem para o Exército face aos outros ramos. Em rigor, de que serve ter muito dinheiro inscrito e até disponível se, depois, só consegue executar os projetos muitos anos depois (como comprovam os dossiês da arma ligeira e das viaturas blindadas de quarto rodas)?.Pelo caminho ficou o programa dos helicópteros ligeiros blindados para equipar o Grupo de Aviação Ligeira do Exército, sem que ao longo da sua existência - e dos milhões investidos no seu levantamento em Tancos e na formação de tripulações - tivesse recebido um único aparelho..As fortes restrições financeiras dos últimos anos e a necessidade política de centralizar a gestão dos meios aéreos do Estado na Força Aérea, depois dos trágicos incêndios de 2017, consolidaram uma decisão já assumida: os helicópteros a adquirir para apoio às operações de forças terrestres vão ser operados, mantidos e geridos pela Força Aérea.
O Exército tem recebido convites dos EUA para conhecer o mais recente monstro blindado de quatro rodas produzido para as tropas de infantaria que operam em teatros de operações como o da República Centro-Africana (RCA), soube o DN..Esta viatura ligeira de combate todo-o-terreno (L-ATV, sigla em inglês) com blindagem reforçada - criada para substituir os atuais Humvee - começou a ser produzida nos finais de 2011 pelo fabricante norte-americano Oshkosh. Em janeiro deste ano, o Exército norte-americano começou a equipar a sua primeira unidade operacional com meio milhar desses veículos de quatro rodas..Fontes militares ouvidas pelo DN reconheceram que o convite norte-americano - por canais diplomáticos e repetido ao longo dos últimos meses - para conhecer o Oshkosh L-ATV visa satisfazer uma necessidade operacional do Exército: ter duas dezenas de viaturas blindadas de gama intermédia, situada entre as futuras URO de quatro rodas (parecidas com os Humvee que estão na RCA) e as Pandur de oito rodas..O custo estimado de cada uma dessas viaturas é praticamente o dobro dos cerca de 180 mil euros que custa uma URO, segundo fontes do setor. Contas por alto, as duas dezenas de que o Exército precisa implicam um investimento não inferior a sete milhões de euros..Fontes parlamentares ouvidas à margem do recente debate na especialidade da Lei de Programação Militar (LPM), aprovada há uma semana em votação final global - pelo PSD, PS e CDS - com a inédita abstenção do PCP e o chumbo do BE, confirmaram que a viatura em causa é o Oshkosh L-ATV de quatro rodas..Em rigor, o Exército colocará a concurso um veículo dessa família para complementar as unidades equipadas com viaturas blindadas Pandur da Brigada de Intervenção. Este programa de modernização, aprovado pelo então ministro da Defesa Paulo Portas com base numa proposta do Exército que apontava para mais de 800 viaturas de oito rodas, acabou por ficar incompleto devido a problemas e a atrasos sistemáticos por parte do fabricante..O Exército acabou por ficar apenas com 187 das 240 Pandur contratualmente adquiridas (em 16 versões). Essas 187 viaturas blindadas correspondem a dez versões, algumas das quais estão atualmente na República Centro-Africana (RCA) com as forças ao serviço da ONU.."É uma lacuna não termos viaturas de comando" nos batalhões e companhias equipadas com as Pandur, observou um oficial do Exército, sob anonimato por não estar autorizado a falar sobre o assunto..No terreno, há uma de duas hipóteses para colmatar essa lacuna: ou o comandante da força está numa Pandur "e é um desperdício" deixar de a empregar como elemento de combate, ou então "vai num jipe" - que é a solução recorrente, assumiu a mesma fonte..Viaturas blindadas lança-morteiros e de mísseis anticarro são outras duas versões que o Exército pretende adquirir com esse programa da nova viatura tática ligeira. No caso dos lança-morteiros, ainda é usado um sistema do tempo da guerra colonial: morteiros rebocados por camiões Unimog..Novas armas e viaturas em 2019.A nova LPM (2019-2030) aprovada na sexta-feira acaba por privilegiar a Marinha e a Força Aérea nos seus primeiros anos de vigência, dado o elevado custo de programas como o das aeronaves KC-390 ou os seis navios de patrulha oceânica e o reabastecedor a construir pela West Sea nos Estaleiros de Viana do Castelo..A prioridade política dada à aquisição desses programas aeronavais assenta no seu impacto para a economia portuguesa e por terem natureza conjunta, nos planos da mobilidade e da sustentação das forças nos teatros de operações externos ou na evacuação de cidadãos portugueses em áreas de crise..As obrigações inerentes ao alargamento da plataforma continental, em análise na ONU e com decisão prevista nos próximos anos, também justificam a prioridade dada à renovação dessas capacidades de transporte tático-estratégico aéreo e naval, de reabastecimento e patrulhamento naval. Daí o adiamento dos programas mais caros do Exército - nas forças médias e pesadas - para a segunda metade dos anos 2020..Contudo, o Exército não ficará nos quartéis a ver, nos próximos anos, a Marinha e a Força Aérea a modernizar-se. Embora os programas venham de trás, a verdade é que o ramo começa em 2019 a receber as novas armas ligeiras FN - substituindo finalmente a velha G3 da guerra colonial - destinadas à Brigada de Reação Rápida e também as viaturas blindadas de transporte de pessoal de quatro rodas URO..Daqui resulta que o deslizar dos programas terrestres mais caros nesta LPM para a segunda metade da próxima década parece redundar num falso problema de imagem para o Exército face aos outros ramos. Em rigor, de que serve ter muito dinheiro inscrito e até disponível se, depois, só consegue executar os projetos muitos anos depois (como comprovam os dossiês da arma ligeira e das viaturas blindadas de quarto rodas)?.Pelo caminho ficou o programa dos helicópteros ligeiros blindados para equipar o Grupo de Aviação Ligeira do Exército, sem que ao longo da sua existência - e dos milhões investidos no seu levantamento em Tancos e na formação de tripulações - tivesse recebido um único aparelho..As fortes restrições financeiras dos últimos anos e a necessidade política de centralizar a gestão dos meios aéreos do Estado na Força Aérea, depois dos trágicos incêndios de 2017, consolidaram uma decisão já assumida: os helicópteros a adquirir para apoio às operações de forças terrestres vão ser operados, mantidos e geridos pela Força Aérea.