EUA acusam cinco oficiais chineses de ciberespionagem

O departamento de Justiça norte-americano anunciou hoje a acusação de cinco membros do Exército Popular de Libertação da China por alegada ciberespionagem e roubo de segredos comerciais a seis empresas norte-americanas.
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A acusação, que teve lugar num tribunal da Pensilvânia a 1 de maio, afirmava que tinham sido lesadas pelos hackers (piratas informáticos) empresas nos sectores nuclear, do aço e da indústria solar. Esta é a primeira vez que a Justiça dos EUA acusa publicamente a China de ciberespionagem, mas as acusações são tidas como simbólicas, visto que, como nota a BBC, "dificilmente os cinco acusados serão extraditados para os EUA para enfrentarem as acusações em tribunal".

Os cinco acusados - Wang Dong, Sun Kailiang, Wen Xinyu, Huang Zhenyu e Gu Chunhui - ficam, porém, proibidos de viajar para os EUA ou para qualquer outro país que tenha um acordo de extradição com os Estados Unidos.

O Procurador-geral dos EUA, Eric H. Holder Jr., afirmou hoje: "Alegamos que os membros da unidade 61398 [do Exército Popular de Libertação da China] conspiraram para piratear computadores de seis vítimas norte-americanas para roubar informações que garantem uma vantagem económica para a concorrência das vítimas, incluindo empresas estatais chinesas". Por sua vez, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, disse à BBC que as alegações são "inventadas" e "provocarão danos na cooperação e mútua confiança sino-americana", acrescentando que "a China é uma defensora acérrima da segurança em rede, e o Governo chinês, o exército e respetivo pessoal nunca participaram em roubo online de segredos comerciais".

A existência da unidade do exército chinês em causa, unidade 61398, havia já sido revelada em fevereiro de 2013 pela sociedade americana de segurança da Internet, a Mandiant, num relatório sobre a ciberespionagem chinesa que custaria, segundo o Washington Post, entre 24 e 120 mil milhões de dólares por ano à economia norte-americana. Segundo a AFP, o diretor do FBI, James Comey, terá afirmado que "durante muito tempo, o Governo chinês utilizou a ciberespionagem de forma desenvergonhada para obter vantagens económicas para as indústrias estatais".

Todavia, também Pequim acusa os EUA de ataques informáticos, particularmente depois das revelações do ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA), Edward Snowden, sobre a amplitude de informação recolhida pela agência americana responsável pela interceção de comunicações. A AFP nota hoje que, a partir dos documentos cedidos por Snowden, a imprensa americana revelou no início deste ano que durante vários anos a NSA acedeu aos arquivos, documentos de comunicação interna entre dirigentes e códigos secretos de produtos do "gigante chinês" de comunicações e internet Huawei.

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