Esculturas e músicas várias dão mote para dez dias de festival em Marvão
Chama-se Pássaros Vistos pelas Costas o conjunto de peças escultóricas de João Cutileiro que hoje (16.00) inaugura em Marvão, onde estará patente até final de agosto. É este o primeiro evento oficial do II Festival Internacional de Música de Marvão (FIMM), dando o mote para uma presença visível das belas-artes na programação. Amanhã, nova vernissage: a da instalação Passagens - Esculturas Habitáveis, de Maria Leal da Costa; e por toda a duração do festival, estarão dependuradas seis tapeçarias de Portalegre na Igreja de São Tiago.
Mas não estamos a falar de um festival de música? Pois é, e este começa ao cair do dia, no pátio do castelo tornado sala de concertos a céu aberto. Ali, a Orquestra Gulbenkian, com o maestro Christoph Poppen (fundador e diretor artístico do FIMM), toca obras de Vianna da Motta, Bruch e Mendelssohn. As primeiras notas do festival serão por isso as da Abertura D. Inês de Castro, de Vianna da Motta, compositor que tem presença destacada na programação. Solista (no Concerto em sol m, de Bruch) será a violinista Clara Jumi Kang, recente 5.º Prémio no Concurso Tchaikovsky de Moscovo.
Mas não fica por aqui o primeiro dia: a partir das 23.00, pode descer-se à cisterna do castelo, ora para escutar flautas neolíticas, ora para ouvir cânticos místicos. Chamaram-lhes Música Noite Dentro e repetir-se-ão com regularidade até final do Festival.
Assim descrito, o dia inicial compõe uma imagem aproximada do que será o dia-a-dia do FIMM: a pluralidade e a diversidade de eventos. Até 2 de agosto, nas igrejas ou no Castelo de Marvão, ou ainda nas ruínas romanas de Ammaia, aparecerão orquestras e agrupamentos como Capella Duriensis (dias 26 e 2), Coro e Orquestra Divino Sospiro (dia 1), Orquestra de Câmara de Colónia (dias 31 e 2), Orquestra Clássica do Sul (dia 1), Estágio Gulbenkian de Orquestra (amanhã) ou o ex-Hilliard Ensemble (dia 26).
Iniciativas pedagógicas serão asseguradas pelo Quarteto de Matosinhos, a Capella Duriensis, a compositora e performer Teresa Gentil e por alunos do Conservatório de Portalegre. Outras músicas virão pelo ensemble do guitarrista Ricardo Gordo e pelo duo António Eustáquio/Carlos Barretto (noite de música portuguesa, dia 26) e por Kátia Guerreiro (noite ibérica de fados e zarzuelas, dia 1).
Um filme-ópera (27), um jantar musical (28) e, no dia 30, uma celebração intercultural pela paz (antes, uma conferência junta o teólogo Frei Bento Domingues, o novo rabino de Lisboa - Samuel de Beck Spitzer - e o xeique David Munir, imã da mesquita de Lisboa) são propostas menos ortodoxas. Informações detalhadas no site do Festival.