Esculturas com poses sexuais geram polémica em Valência

As peças representam cenas de sexo explícito e fazem parte da obra de Antoni Miró exposta na zona da marina da cidade espanhola, dando azo à controvérsia e divisão de opiniões.
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Está instalada a polémica (e espalhada pela zona da Marina) em Valência com a exposição de Antoni Miró. O artista plástico está nas bocas do mundo graças à mais recente obra. Uma série de esculturas que retratam cenas de sexo explícito e que estão expostas na marina da cidade espanhola.

Uns encararam-nas com naturalidade, por representar a natureza humana mas, segundo a imprensa espanhola, a maior parte sente-se no mínimo desconfortável com o que as peças representam, ainda mais estando exposta num ambiente tão familiar e propício a passeios de família como é o caso da marina de Valência.

Uma fotografia da agência EFE, onde se vê uma mulher e uma criança a olhar para uma escultura que representa uma mulher a fazer sexo oral a um homem foi das mais comentadas. A mulher garantiu que olhava com naturalidade para as esculturas baseadas em cerâmicas gregas com mais de 2600 anos.

Tratam-se de peças de uma exposição patrocinada pelo município valenciano para inaugurar a La Base, o novo espaço criativo e cultural na zona da marina da cidade. E o autor defende a sua mais-valia artística. "As esculturas são inspiradas nos desenhos da cerâmica folclórica grega, não que ela estivesse escondida, mas que há 2600 anos era usada diariamente, de certa forma se percebe que eram mais avançados do que agora", explicou Miró ao El País.

Casos onde a arte e a polémica andaram de mãos dadas

Esta não é a primeira vez que uma obra de arte gera polémica devido a questões ligadas à nudez. Em janeiro o museu Manchester Art Gallery retirou de exposição uma pintura de John Waterhouse (1849-1917), Hylas and the Nymphs (1986). No lugar do quadro ficou um aviso a explicar que o espaço vazio tem o propósito de "provocar o debate sobre como se exibe e se interpretam as obras de arte da coleção pública de Manchester", não se tratando de censura.

Ainda este ano a obra Thérése Dreaming (1938), retrato da vizinha adolescente do pintor francês Balthus (1908-2001) foi objeto de uma petição online para ser retirada do Museu Metropolitan (Met), por fazer uma "romantização da sexualização de uma criança".

Também o National Gallery of Art, em Washington cancelou uma grande mostra dedicada ao pintor e fotógrafo Chuck Close no seguimento de alegadas acusações de assédio sexual.

O caso mais mediático talvez tenha sido o do quadro A Origem do Mundo, de Gustave Coubert exposta no Museu d'Orsay e que para muitos podia ser considerada como pornográfica. Foi assim que o Facebook a encarou e acabou a responder por isso em tribunal. Um professor viu a conta da rede social bloqueada depois de publicar uma imagem da famosa pintura de Coubert e apresentou queixa por causa disso.

Em Portugal caso mais mediático aconteceu em 1985

Portugal é um país de brandos costumes, mesmo no que às artes diz respeito. O caso mais emblemático passou-se em 1985, quando Nuno Krus Abecassis, então presidente da Câmara de Lisboa, quis proibir a exibição do filme Je Vous Salue Marie de Jean-Luc Godard.

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