Erro humano será a causa do mega-apagão da internet
Um erro humano terá sido a causa do mega-apagão que na terça-feira deitou abaixo os sistemas informáticos de múltiplas entidades, incluindo da Justiça, deixando muitos tribunais, até ontem ainda, com várias diligências e audiências paradas.
A origem do problema, conforme foi noticiado, deveu-se a um corte de energia no centro de dados da Equinix, localizado no Prior Velho, concelho de Loures, uma empresa norte-americana que controla múltiplos centros de dados um pouco por todo o mundo.
"Terá sido um erro humano na instalação ou atualização de um equipamento fulcral" do centro de dados, disse ao DN um alto responsável que tem estado a acompanhar a investigação, descartando um cenário de ciberataque.
Conforme foi explicado pelo Dinheiro Vivo na terça-feira, o centro de dados da Equinix assegura a conectividade a 70 clientes a partir de Portugal, incluindo 35 empresas de telecomunicações e a quatro Internet Exchanges.
A infraestrutura do Prior Velho, segundo a empresa, é alimentada por energia 100% renovável. O IBX ocupa 1475 metros quadrados de "espaço técnico escalável e fontes de alimentação totalmente redundantes". O centro de dados representa "um importante hub de conectividade internacional, com cabos submarinos que ligam a Península Ibérica de Lisboa a África e à América do Sul".
Foram sentidas dificuldades de ligação à internet pelos clientes da Altice, da NOS e da Vodafone no acesso à rede e a diferentes serviços digitais. Também alguns serviços digitais públicos, como a distribuição de água e luz e serviços da Google foram afetados durante várias horas.
Os sites das publicações da Global Media (dona do Dinheiro Vivo, Diário de Notícias e Jornal de Notícias) foram igualmente afetados.
"Falhas gerais", "sem sinal", ou problemas no acesso à internet fixa ou televisão eram os principais tópicos das queixas dos clientes dos operadores. Lisboa, Amadora, Almada, Porto, Vila Nova de Gaia, Maia, Braga, Coimbra e Funchal surgiam como as localizações mais afetadas.
Ontem de manhã a rede informática que serve a Justiça, designadamente os sistemas CITIUS da jurisdição comum e SITAF dos tribunais administrativos e fiscais, continuava inoperacional, disse à Lusa fonte judicial.
Segundo adiantou a fonte, quer o sistema informático CITIUS, quer o SITAF, estavam "em baixo", e, embora nalguns sítios os sistemas arrancassem, acabavam por se desligar logo de seguida, não permitindo qualquer utilização.
Esta falha do sistema informático estava, de acordo com a fonte judicial, colocou em causa as audiências de julgamento, as inquirições do Ministério Público e outras diligências que implicavam o recurso aos computadores da rede informática da Justiça. "Tudo o que requeira também a gravação e que esteja ligado às plataformas informáticas não funciona", acrescentou.
A fonte referiu que o Instituto de Gestão Financeira e de Equipamentos da Justiça (IGFEJ), responsável pelas plataformas informáticas da Justiça, comunicaram apenas que o problema se deve a "constrangimentos técnicos" e que esperam resolver a falha o mais breve possível.