Entre documentário e ficção

Do português António Campos ao francês François Reichenbach, o Curtas irá revisitar vários nomes históricos. Sem esquecer um "velho/novo" filme de Francis Ford Coppola.
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Foi em 1983 que Francis Ford Coppola reuniu uma galeria de jovens actores pouco ou nada conhecidos - Rob Lowe, Emilio Estevez, Tom Cruise, etc. - para fazer The Outsiders/Os Marginais, adaptando o romance de S. E. Hinton. Agora que o filme tem uma nova cópia restaurada (e aumentada), faz todo o sentido que possa integrar a zona de memórias proposta pelo Curtas Vila do Conde - afinal de contas, ainda faltava uma década para que o festival nascesse...

Nessa zona haverá evocações em torno de dois cineastas que, mesmo no respectivo contexto nacional, nem sempre tiveram a devida visibilidade: o português António Campos e o francês François Reichenbach. O primeiro pode simbolizar um intransigente gosto documental que deu origem a títulos emblemáticos como Almadraba Atuneira (1961) ou Gente da Praia da Vieira (1975); o segundo foi um companheiro da Nova Vaga que, num ziguezague cinema/televisão, nos legou testemunhos imprescindíveis de um tempo de muitas convulsões sociais e artísticas, além do mais tendo colaborado com outros autores como Chris Marker (La Sixième Face du Pentagone, 1954) ou Orson Welles (F For Fake, 1973).

De alguma maneira, o ponto de fuga destas propostas clássicas estará nos filmes de Alain Resnais que o Curtas também vai exibir. Tal como acontece com António Campos, 2022 é o ano do centenário do nascimento de Resnais, cineasta que, como poucos (antes e depois da Nova Vaga) nos confrontou com a fascinante instabilidade criativa da fronteira documentário/ficção: a revisitação de filmes como Guernica (1951) ou Toute la Mémoire du Monde (1956) ilustrará uma visão do mundo cuja actualidade artística e simbólica não se desvaneceu.

dnot@dn.pt

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