Sindicatos apontam para 400 a 500 escolas fechadas. Ministério não avança números

Centenas de escolas do ensino básico ao secundário terão encerrado devido à greve do pessoal não docente,garante Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FSTFPS). Ministério não avança dados
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A greve dos funcionários não docentes, que se prolonga até amanhã, terá ditado o encerramento de meio milhar de escolas. A estimativa é avançada pelas organizações sindicais, sendo que o governo não confirma nem desmente estes números.

Contactada pelo DN, fonte do gabinete do ministro Tiago Brandão Rodrigues limitou-se a lembrar que o Ministério da Educação optou desde o início da legislatura por não divulgar este tipo de números, quer se trate de valores de adesão quer de outros indicadores, nomeadamente de escolas encerradas.

A greve de dois dias destina-se a exigir ao governo aumentos salariais, integração nos quadros dos funcionários precários, parte dos quais serão absorvidos pelas mil vagas anunciadas pelo governo, e a criação de uma carreira específica.

Em declarações à agência Lusa, o dirigente sindical Artur Sequeira, da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FSTFPS), avançou com um primeiro balanço provisório dos efeitos da greve, segundo o qual, durante a manhã, "estiveram encerradas entre 400 a 500 escolas do ensino básico e secundário".

O número de estabelecimentos de ensino afetados poderá aumentar durante a tarde de hoje, avisou Artur Sequeira.

50 mil sem aulas no Norte

Ao início desta tarde, os sindicatos começaram a avançar com balanços por regiões. E, ainda de acordo com estas previsões, só no Norte do País 50 mil alunos terão ficado sem aulas.

"Em termos do Norte, dos cinco distritos que representamos devemos ter cerca de 40 sedes de agrupamentos encerradas", declarou à Lusa Orlando Gonçalves, coordenador do Sindicato de Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN), explicando que cada sede de agrupamento de escola tem em média "mil alunos" e que com as escolas primárias "à vontade uns 50 mil alunos devem ter ficado hoje sem aulas".

Orlando Gonçalves falava ao início da tarde de hoje ao lado de cerca uma centena de trabalhadores não docentes que aderiram à greve nacional e que estiveram concentrados à frente da porta da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares para exigir "aumentos salariais", "integração a tempo total e parcial que cumprem funções necessárias para o funcionamento das escolas" e a "criação de uma carreira específica".

Dados do STFPSN indicam ainda nos cinco distritos do Norte devem estar hoje encerradas 350 escolas.

No Norte há mais de 500 escolas primárias e "cerca de 50% estão encerradas", acrescentou a mesma fonte sindical.

"Basta de precariedade", "PREVPAP [Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública] já passou 627 dias", "Vamos lutar até vincular", "Somos necessidades permanentes de Educação", "Sem vinculação não há Educação", "A luta continua, nas escolas e na rua" e "CAB [Comissão de Avaliação Bipartida] da Educação, não dá Educação" eram algumas das frases inscritas nos cartazes ou gritadas pelos grevistas.

No meio da manifestação, Diana Salgado, terapeuta ocupacional, precária há 11 anos e que trabalha em sete escolas de quatro agrupamentos escolares diferentes, dando apoio a "53 alunos entre os três e os 18 anos", com multideficiências e autismo, contou à Lusa que esteve hoje a lutar por melhores condições de trabalho, mas também está a "lutar pelos seus alunos".

A mesma luta mobilizou também duas técnicas especializadas, que pediram para não serem identificadas para não sofrerem represálias, e que revelaram à agência Lusa que trabalham há 15 anos na mesma escola "em contratos sucessivos" e que estão há dois anos a aguardar uma resposta do PREVPAP.

Denunciaram estarem a viver "sem expectativas para o futuro", "habituadas às filas do centro de emprego" e contaram que quando chega o mês de agosto nunca sabem o que acontecerá no ano seguinte. Os próprios direitos dos alunos ficam condicionados, porque "estão sempre sem apoio no mês de setembro", acrescentaram.

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