Em Moura e Ferreira do Alentejo um quarto dos alunos chumba à primeira barreira
O distrito de Beja é, a par de Faro, aquele onde menos alunos conseguem terminar o 1.º ciclo dentro dos quatro anos previstos, revelam dados publicados no portal Infoescolas. Em ambos os casos, apenas 78% dos estudantes fazem esse percurso sem sobressaltos. No entanto, dentro daquele distrito alentejano há realidades muito distintas, com enormes assimetrias entre concelhos.
No que respeita aos chumbos no 2.º ano de escolaridade - o primeiro em que é permitido reter, e aquele em que tradicionalmente isso mais sucede no 1.º ciclo - , Ferreira do Alentejo e Moura são, de acordo com dados do ano letivo de 2016/17, os recordistas nacionais, com 24% de alunos travados logo à primeira barreira. Serpa (19%), Beja e Vidigueira (16%) foram outros municípios a contribuir para dar a este distrito uma taxa de retenção de 14%, quase o dobro da média nacional no 2.º ano de escolaridade, que foi de 7,4% no mesmo ano.
Mas também houve desenpenhos acima da média. Em Barrancos, concelho que faz fronteira com Moura, a taxa de retenção no 2.º ano de escolaridade foi em 2017 de 0%, um dos dois únicos casos no distrito, a par de Almodôvar. Castro Verde conseguiu manter este valor apenas nos 4%.
Assimetrias desta ordem de grandeza, entre concelhos cujas características e populações não são assim tão distintas entre si, parecem sustentar as denúncias daqueles, como o secretário de Estado da Educação, João Costa, ou da presidente do Conselho nacional de Educação (CNE), Maria Emília Brederode dos Santos, que afirmam existir uma "cultura de retenção" em Portugal, que demora a ceder em determinadas zonas.
Em novembro último, na apresentação do relatório "O Estado da Educação 2017", do CNE, Maria Emília Brederode dos Santos, classificou como "imensa" a percentagem de 7,4% dos alunos retidos no 2.º ano a nível nacional , criticando a tendência para travar nesta etapa quem ainda não conseguiu consolidar as competências de leitura e escrita. E já nessa altura apontou o dedo a "determinadas zonas do país em que os valores atingem patamares impensáveis. No Baixo Alentejo, no 2.º ano, há uma taxa de 13% de retenção", ilustrou então.