Elisabete Matos vai dirigir o Teatro Nacional de São Carlos

A cantora vai dirigir o teatro num momento em que o São Carlos vive um grave conflito laboral.
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Elisabete Matos irá assumir, a partir de 1 de outubro, a Direção Artística do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, sucedendo a Patrick Dickie, anunciou esta segunda-feira o Ministério da Cultura.

Uma das cantoras líricas portuguesas mais conhecidas, ao longo de mais de 25 anos de carreira internacional, a soprano Elisabete Matos atuou nos mais importantes palcos mundiais. É Professora Adjunta Convidada na Escola Superior de Artes Aplicadas desde 2014 e, desde 2017, diretora Artística do Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães.

Em junho passado, Patrick Dickie, anunciou que não tinha "condições para equacionar a continuidade naquelas funções". A saída aconteceu numa altura em que os trabalhadores do TNSC e da Companhia Nacional de Bailado estavam em greve e em que se soube também que o conselho de administração do organismo que os tutela, o Opart, liderado por Carlos Vargas, não seria reconduzido para um segundo mandato.

Depois de vários dias de luta e alguns espetáculos cancelados, os trabalhadores suspenderam a greve no início de julho, no entanto não abdicaram das reivindicações que estão na base do conflito laboral que se arrasta há meses. As negociações estão em curso com o novo conselho de administração do Opart entretanto indigitado e encabeçado por André Caldas, ex-chefe de gabinete do ministro das Finanças.

A mais conhecida cantora lírica portuguesa

Elisabete Matos estudou canto e violino no Conservatório de Música de Braga e prosseguiu os estudos de Canto em Espanha, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo trabalhado com Ángeles Chamorro, Marimi del Pozo, Félix Lavilla e Miguel Zanetti na Escola Superior de Canto de Madrid. A sua estreia foi no Coliseu do Porto, no papel de "Frasquita", na ópera Carmen, de Georges Bizet.

A cantora lírica que já contracenou com nomes como Plácido Domingo e José Carreras, interpretou, entre muitos papéis, Isolda, em Tristão e Isolda, de Richard Wagner, Turandot, na ópera homónima de Giacomo Puccini, e Abigaille, em Nabucco, de Verdi. Em 2000, foi galardoada com um Grammy pela gravação do papel titular de La Dolores, de Bretón, para a Decca.

Em entrevista ao DN, em 2012, Elisabete Matos dizia que a sua personagem favorita era Isolda: "É um papel muito romântico. Quando se chega à conclusão de que na vida terrena já não se pode viver um amor ou a felicidade, de que é preferível morrer e encontrar-se numa atmosfera de luz, na qual haverá um mundo melhor."

Em 2015, a cantora Elisabete Matos recebeu a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Governo. A cantora lírica também já foi condecorada pelo Presidente da República com o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 1999, e em 2013 com o grau de Grande Oficial da mesma ordem honorífica. Em 2003, Elisabete Matos recebeu a Medalha de Mérito Artístico da cidade de Guimarães.

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