Garantia de Marcelo. "Presidente não foi sensível a razões partidárias"

"O Presidente cortou a direito a pensar no interesse nacional", justificou Marcelo Rebelo de Sousa sobre a escolha da data de eleições antecipadas. Afirmou ainda que pesou na decisão a preocupação da Assembleia da República em aprovar diplomas "fundamentais".
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Um dia após anunciar ao país a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas para 30 de janeiro, na sequência do cumbo do Orçamento de Estado para 2022, o Presidente da República afirmou que não pesaram na sua escolha os interesses partidários. "O Presidente define-se pelo interesse nacional. Não fui sensível a razões partidárias", disse, esta sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa. "Não pesou minimamente", frisou.

"O Presidente fez o que tinha de fazer exercendo um poder constitucional, ouviu os partidos, o conselho de estado que por uma esmagadora maioria deu um parecer favorável, ouviu ainda parceiros económicos e sociais e depois decidiu", sintetizou

Explicou Marcelo que o que pesou na decisão foi "que tinha de ser rápido, em janeiro, a tempo de haver a campanha, mais os debates, participando o maior número de forças concorrentes num tempo em que não fosse em cima do ano novo". Agora, diz, o que interessa é que num espírito democrático "tudo se passe em normalidade até ao dia das eleições"

Relativamente às razões que o levaram a escolher o último domingo de janeiro, o chefe de Estado voltou a dizer que não queria coincidir o período de debates e campanha eleitora com o Natal e o ano novo.

Aos jornalistas, disse que não comenta críticas, mas que nesta questões as razões de interesse nacional eram óbvias. "Implicam sacrifício, sim, mas para todos. Uns gostariam muito mais cedo outros muito mais tarde. O presidente cortou a direito e a pensar no interesse nacional", sublinhou.

E diz que os portugueses "compreenderam de certeza" as razões que apontou quando se dirigiu ao país. "Basta olhar para as sondagens, é claríssima a percentagem dos que entendem a decisão do Presidente".

Marcelo Rebelo de Sousa explicou ainda que também teve em conta a preocupação da Assembleia da República e do Governo de se fazer aprovar "diplomas fundamentais". "Existe quase um mês de trabalho para votar pacotes tão importantes, como o da corrupção, diretivas comunitárias urgentes, para votar diplomas fundamentais em matéria de medidas sociais pós-pandemia ou ainda no tempo da pandemia, medidas económicas, resta umas semanas, também isso pesou.

Para o Presidente da República, dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas não foi a decisão mais difícil que teve de tomar desde que está no Palácio de Belém.

"A mais difícil foi a declaração de estado de emergência. Já houve sete dissoluções, esta é a oitava. A declaração de estado de emergência não havia desde a vigência da democracia e em rigor não havia para uma pandemia secular como esta, essa custou muito mais", afirmou, recordando os sacrifícios que essa decisão representou na vida dos portugueses.

"Foi aquela que me custou mais a tomar e ainda me custou mais a segunda declaração de estado de emergência. Ter de reconhecer que a situação já tinha piorado e ter de, em cima da eleição presidencial, declarar o estado de emergência foi mais dramático e mais pesado como decisão", sublinhou.

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