Egito rejeita denúncias sobre menores detidos e torturados

A Amnistia Internaconal reportou pelos menos seis casos de crianças torturadas e 12 submetidas a desaparecimentos forçados, desde 2013
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O governo do Egito rejeitou hoje denúncias da Amnistia Internacional de casos de tortura e de desaparecimento forçado de crianças.

Num comunicado hoje divulgado, o Serviço de Informações do Estado (SIS) do Egito negou que haja crianças vítimas de "tortura, confinamento solitário e desaparecimento forçado".

O SIS respondia a um relatório publicado esta semana pela Amnistia Internacional (AI) com denúncias de pelos menos seis casos de crianças torturadas e 12 submetidas a desaparecimentos forçados, desde 2013, citando fontes familiares.

No seu relatório, a AI relata casos concretos de duas crianças: Boumidian Abdallah, com 12 anos, preso em dezembro de 2017, e Mohamed Asser Zahreldin Abdel Warith, com 14 anos, presos em janeiro de 2016.

Para os serviços de informação egípcios, as alegações da AI não estão baseadas em "fontes seguras", mas reconhece que alguns casos relatados estão a ser investigados pelo Gabinete de Segurança do Estado.

Um desses casos é o de Boumidian Abdallah, com 12 anos, que foi preso pelo exército egípcio, a norte do Sinai, e, de acordo com a AI, mantido incomunicável por sete meses, antes de ser acusado.

O SIS nega esta denúncia e diz que este e outros jovens foram levados perante juízes, estando Boumidian a ser julgado num tribunal juvenil (e não num tribunal para adultos, como aparecia relatado pela Amnistia Internacional), por suspeita de pertencer a um grupo terrorista.

De acordo com o SIS, a criança de 12 anos é acusada de vigiar militares e polícias, ao serviço de grupos terroristas.

No caso de Warith, a AI diz que a criança foi feita desaparecer e sujeita a torturas, para confessar que pertencia a grupos terroristas e que teria participado num ataque a um hotel, estando a ser julgada juntamente com adultos.

As autoridades egípcias respondem que ele foi acusado por crimes cometidos quando já tinha 15 anos, pelo que terá de responder em tribunais de adultos por acusação de "organização terrorista e executar ataques violentos"

"As autoridades egípcias seguiram todas as normas determinadas pela Convenção dos Direitos das Crianças e foram dadas todas as garantias de justiça, tendo em conta a idade dos acusados", explica o SIS.

As autoridades egípcias pedem à Amnistia Internacional para ser "mais rigorosa" nas suas acusações e para não fazer parte de "campanhas politizadas" para descredibilizar o Egito.

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