Ecopontos inteligentes e mais recolha seletiva porta-a-porta. Como Moedas quer melhorar a higiene urbana de Lisboa até 2030

Documento Estratégico de Gestão de Resíduos de Lisboa 2030 vai ser votado hoje em reunião de câmara e pretende reduzir a produção de lixo e aumentar a recolha seletiva na cidade.
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O executivo de Carlos Moedas vai apresentar na reunião de câmara de hoje o Documento Estratégico de Gestão de Resíduos de Lisboa 2030 para que seja votado e, em caso de aprovação, submetido à participação pública. Este documento, a que o DN teve acesso, estabelece medidas como a aposta em ecopontos inteligentes e na reciclagem de têxteis ou a criação de centros de receção e reutilização de resíduos e o alargamento das redes de recolha seletiva porta-a-porta e de recolha de resíduos alimentares com o objetivo de reduzir a produção de lixo e aumentar a recolha seletiva na cidade.

"Nos próximos anos, o município pretende apostar na reparação e reutilização de resíduos e reutilização de resíduos de forma a promover uma redução da sua produção, com uma especial atenção para a redução do desperdício alimentar. Pretende também continuar a desenvolver uma rede de recolha de proximidade de modo a aumentar a qualidade e quantidade dos resíduos recolhidos seletivamente, alargando também esta recolha a outros fluxos. A implementação de um sistema PAYT [Pay As You Throw] e a recolha de biorresíduos são duas das principais estratégias", pode ler-se no Documento Estratégico de Gestão de Resíduos de Lisboa 2030, a que o DN teve acesso. "A melhoria da limpeza urbana e o combate ao littering será outro objetivo estratégico, onde a articulação entre o município e as juntas de freguesia e a melhoria dos equipamentos utilizados para a limpeza urbana serão pontos essenciais".

De acordo com a Câmara de Lisboa, no ano passado, foram recolhidos 579 quilos de resíduos por habitante na capital, 70% dos quais indiferenciados e 30% de recolha seletiva. Um valor acima dos 529,3 quilos que tinham sido estabelecidos como objetivo para 2020. Os números da recolha seletiva eram mais positivos: 97,4 quilos recolhidos por habitante em 2019, acima dos 66 quilos que estavam estabelecidos como meta para 2020.

Para atingir o objetivo de prevenir e reduzir a produção de resíduos nos próximos sete anos, a Câmara de Lisboa pretende, entre outras medidas, "criar centros de receção e reutilização de resíduos, nomeadamente a construção do espaço de partilha no HUB do Beato (CoREPAIR) e dar continuidade ao projeto RIPAS dedicado à reutilização de madeiras e móveis usados", "aumentar a recolha seletiva de têxteis e o seu encaminhamento para reutilização ou reciclagem, através da promoção da compra e venda em segunda mão e aluguer de vestuário", dando também apoio a lojas sociais de venda de produtos usados, e apostar na realização de mais Repair Cafés e na criação de feiras temáticas para a troca de e partilha de produtos.

No que diz respeito ao aumento da recolha seletiva de vários tipos de resíduos, está nos planos da autarquia implementar a recolha seletiva porta-a-porta em novos fogos alargando a rede já existente, "investir em viaturas de recolha e em tecnologia, como sensores de enchimento dos contentores, o que permitirá otimizar as rotas de recolha" seletiva de vidro, que deverá atingir os 70% em 2030, alargar ao setor residencial a rede de recolha seletiva de resíduos alimentares, alargar o sistema de recolha óleos alimentares usados nos bairros históricos com a instalação de mais oleões e a extensão da rede de recolha de pilhas e a implementação de mais pilhões.

Mas também fazer uma parceria com a futura entidade gestora dos Sistemas de Depósito e Reembolso para garantir em Lisboa a recolha de embalagens de bebidas de uso único através deste método e apostar na compra e distribuição de compostores para compostagem doméstica e comunitárias a par de ações de formação.

"Considerado que as pontas de cigarros são resíduos tóxicos, torna-se pertinente fazer a sua gestão e evitar o seu descarte no ambiente. Assim, esta medida contempla vários objetivos: analisar alternativas de equipamento a localizar em espaço público que permita o acondicionamento das pontas de cigarros, através de parcerias com projetos-piloto/associações" e ainda fiscalizar estabelecimentos comerciais para verificar se têm cinzeiros, a par de promover a "recolha seletiva junto dos estabelecimentos comerciais e das paragens de transportes públicos, da responsabilidade do município, para que seja assegurada a entrega deste resíduo para valorização", pode ler-se no documento.

Melhorar a limpeza urbana e combater o littering [deposição de resíduos em locais desadequados] e a deposição ilegal de lixo estão também entre as prioridades da Câmara de Lisboa, que pretende, numa fase piloto, alugar papeleiras inteligentes (para posterior aquisição, mediante os resultados) e comprar ecopontos inteligentes, mas também investir em equipamentos de lavagem, em viaturas de recolha e em serviços de lavagem e desinfeção de equipamentos, nomeadamente contentores de superfície, subterrâneos e de controlo de pragas.

O documento que será hoje discutido e votado em reunião de câmara surge na sequência da aprovação em março, pelo governo, do Plano Estratégico dos Resíduos Urbanos 2030, que serve de referência ao que deve ser feito nos próximos sete anos pelos municípios, e servirá de apoio à elaboração, ainda este ano, ao plano municipal de ação em Lisboa para o cumprimento da estratégia definida pelo executivo de António Costa - o anterior Plano Municipal de Gestão de Resíduos de Lisboa tinha uma vigência temporal entre 2015 e 2020.

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