Economia e tecnologia na bagagem asiática de Obama

Presidente dos EUA inicia hoje périplo de dez dias para discutir comércio internacional
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O Presidente Barack Obama parte hoje para a Índia (chegará no sábado), onde iniciará uma viagem de dez dias por quatro países asiáticos aliados dos EUA. Defesa e comércio serão os dois grandes temas dos encontros diplomáticos, mas em pano de fundo estarão assuntos controversos, como religião e terrorismo.

Além da Índia, Obama visitará a Indonésia e o Japão, participando em Seul na cimeira do G20, onde será discutida a coordenação económica internacional, visando acelerar a recuperação. Em Jacarta, o presidente americano visitará uma mesquita.

O início simbólico da digressão de Obama será no hotel Taj Mahal, em Bombaim, onde a comitiva americana ficará uma noite. Este hotel foi um dos alvos do ataque terrorista de 2008, acção que provocou a morte a mais de 160 pessoas, muitas delas hóspedes ou trabalhadores do hotel.

Os terroristas eram de origem paquistanesa e o incidente quase provocou um conflito entre a Índia e o Paquistão. A visita de Obama tocará de várias formas na complexidade da relação entre estes dois países. O Paquistão é um aliado firme dos EUA, recebe ajuda militar em larga escala e tem grande importância na estratégia para o Afeganistão, que muitos analistas definem como Af-Pak, para sublinharem a ligação paquistanesa.

A Índia, grande rival do Paquistão, está a modernizar o seu equipamento militar e os americanos poderão conseguir contratos lucrativos, sobretudo se forem retiradas as sanções ainda existentes à compra de tecnologia susceptível de uso em armas nucleares.

A Índia esteve isolada em questões de tecnologia nuclear desde que fez detonar uma bomba atómica, em 1974. A atitude americana em relação ao Paquistão foi mais suave, pelo menos até 2005, quando a administração Bush decidiu mudar de política. Então, foram removidos os obstáculos para a cooperação em energia nuclear. O mercado indiano neste sector tem um potencial de 150 mil milhões de dólares (120 mil milhões de euros).

A visita do Presidente americano surge numa altura em que crescem os protestos em relação à questão de Caxemira. A sensibilidade política e religiosa esteve visível no próprio planeamento da visita. Foi anunciado que Obama iria ao Templo Dourado, em Amritsar, o templo sagrado dos sikhs. O projecto foi abandonado, oficialmente por "falta de tempo", na realidade devido à possibilidade de Obama poder ser fotografado de turbante (obrigatório no templo), o que alimentaria especulações nos EUA sobre a religião do presidente. Mas o anúncio de que Obama não irá a Amritsar foi recebido com alívio também em Nova Deli.

As delicadezas diplomáticas não serão sentidas apenas na índia, mas também na Indonésia, país de maioria muçulmana onde Obama viveu na infância. A digressão presidencial inclui Japão e Coreia do Sul, mas desta vez será evitada a China. Em Tóquio e Seul, o tema das discussões será o do comércio livre e o crescente conflito em torno das divisas. Washington quer reduzir o elevado défice comercial e aumentar as exportações para a Ásia. Precisará de convencer os seus parceiros de que a derrota eleitoral de terça-feira não modifica a posição da administração de defesa do livre comércio.

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