E os Grammy portugueses vão para...
Já estão a ser chamados de Grammy portugueses, mas os novos prémios Play mais não querem ser que "uma grande celebração da música nacional", como revela ao DN Paulo Carvalho, o diretor geral do evento, cuja primeira edição acontece hoje à noite em Lisboa, no Coliseu dos Recreios.
Apesar de já ter havido, no passado, alguns prémios similares, como os que, em diferentes épocas, foram organizados pelos jornais Se7e e Blitz, "nunca agregaram todas as estruturas da indústria musical, como agora acontece", lembra este responsável. Os Play resultam assim de uma organização conjunta da Audiogest (representante das editoras musicais) e da GDA (a cooperativa responsável pela gestão coletiva dos direitos conexos dos artistas), através da Associação Passmúsica, a promotora do evento, o que, segundo Paulo Carvalho, "acaba por legitimá-los como prémios oficiais da música portuguesa".
Após esta primeira edição, a ideia é que tornem num evento anual. "A criação e a distribuição da música democratizaram-se e estes prémios são também o reflexo disso. Trata-se de um conceito dinâmico, que poderá ser alterado a cada edição, mas o objetivo é torna-los numa tradição para a música portuguesa".
Ao todo serão 9 as categorias a concurso: melhor grupo, melhor artista a solo, melhor álbum, melhor videoclipe, melhor álbum de fado, melhor álbum internacional, melhor canção internacional, prémio lusofonia, artista revelação e melhor canção nacional, sendo esta última a única com votação aberta ao público. As quatro canções nomeadas (Estradas no Céu de Valas com Raquel Tavares, Faz Gostoso de Blaya, Água de Coco de ProfJam e Devia Ir dos Wet Bed Gang) serão interpretadas durante a cerimónia e estarão sujeitas ao voto do público durante a transmissão em direto da mesma, através da RTP.
Nas restantes categorias, conforme explica Paulo Carvalho, "os nomeados foram encontrados através de um critério volumétrico", ou seja, "com base nos consumos do público", que são calculados de acordo com o número de vendas, físicas e online, mas também dos streamings das canções, álbuns ou artistas.
Com base nesses números "foram elaboradas listas de 30 ou 40 artistas", posteriormente entregues a "um comité de nomeação", composto por elementos ligados à indústria que, "de forma qualitativa", nomeou os candidatos ao prémio. A lista definitiva foi depois sujeita à votação de um júri, composto por 65 elementos. Além destes, serão também entregues um prémio carreira, atribuído pela organização, e um prémio da crítica, escolhido por um painel de 9 jornalistas.
A ideia de criar um prémio que congregasse ambos os lados da indústria, os artistas e as editoras, era há muito debatido, mas "fosse por falta de vontade ou de parceiros", como afirma Sílvia Sá, diretora executiva da Passmúsica, a entidade promotora do evento, nunca chegou a avançar. "Trata-se de um evento pioneiro em Portugal não só por reunir a indústria, mas especialmente por ser feito em conjunto com os verdadeiros criadores de música, os músicos e os produtores", sublinha, lembrando que o objetivo principal dos Play "é premiar o talento dos criadores, valorizar esse trabalho e, se possível, ter algum impacto no consumo e na utilização da música".