"É importante" ter embaixador na UNESCO, mesmo político
A decisão de Portugal voltar a ter um representante permanente junto da UNESCO, após vários anos de interregno motivado por dificuldades financeiras, "significa a importância" que Lisboa dá "a uma organização vocacionada" para o ensino, a educação, a cultura e a ciência, defendeu esta segunda-feira o embaixador Martins da Cruz.
"É importante para Portugal, porque defendemos sempre a multilateralização das escolhas dos países. Portanto, o apoio a uma agência especializada" das Nações Unidas como a UNESCO "é sempre importante para a nossa política externa", sublinhou ao DN o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros (ver página 7) do governo de Durão Barroso.
"O facto de Portugal, neste momento" em que a UNESCO "atravessa uma fase difícil" com a retirada dos EUA, "reforçar a sua representação também significa a importância que damos a uma organização vocacionada para o ensino, para a cultura, para a educação, realçou Martins da Cruz, elogiando a indicação de Sampaio da Nóvoa para aquele cargo: "Trata-se de uma personalidade académica conhecida, com uma vida internacional grande."
A escolha do antigo reitor da Universidade de Lisboa para a representação de Portugal junto da Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (UNESCO), por parte por parte do ministro dos Negócios Estrangeiros, foi conhecida no final da semana passada. Martins da Cruz elogiou a opção governamental "como exceção e não como regra", na medida em que aquele académico será um embaixador político e não de carreira - o que representa menos uma vaga para os diplomatas profissionais.
"Acho que em certo tipo de cargos, como a UNESCO ou a OCDE, se justifica ter, não digo sistematicamente, personalidades políticas que não sejam da carreira diplomática, como exceção e não como regra", reafirmou o embaixador, lembrando que ele próprio propôs uma nomeação de natureza política - Basílio Horta - para a OCDE.