E à quarta foi de vez. Terrenos da Feira Popular rendem mais de 238,5 milhões
Depois de três sessões adiadas, à quarta foi de vez. Os terrenos da antiga Feira Popular foram vendidos em hasta pública. No total os três lotes correspondentes à área da Feira Popular foram vendidos por 238,5 milhões de euros, mais 85 milhões do que o previsto pela Câmara Municipal de Lisboa (CML). A Fidelidade foi a entidade que comprou todos os lotes postos à venda.
A estes três lotes dos terrenos da Feira Popular junta-se um outro nas proximidades que foi vendido por 35,4 milhões de euros. Também este comprado pela Fidelidade. O primeiro de quatro lotes foi vendido por 83,1 milhões de euros, tendo começado com um preço base de 46,6 milhões. O segundo foi vendido por 88,3 milhões de euros depois de 165 lances. O último dos lotes foi comprado por 67,1 milhões. E o quarto foi vendido por 35,4 milhões, depois de ter começado com uma base de 27,9 milhões.
Com os quatro lotes lotes a Câmara Municipal de Lisboa encaixou 273,9 milhões de euros. A Fidelidade vai pagar já 30% do valor das vendas.
Fernando Medina falou aos jornalistas no final da venda dos terrenos. O autarca anunciou que os 80 milhões que excederam as estimativas iniciais da autarquia vão ser aplicados no reforço de casas com renda acessível. Já tinha sido anunciado que esta venda iria contribuir para apoiar 500 casas de rendas entre os 200 e os 600 euros para famílias de classe média. Fernando Medina garantiu que esse número vai ser alargado com este excedente.
O presidente da autarquia lembrou ainda que com os impostos e taxas, no total, esta transição vai ultrapassar os 300 milhões. Chegando aos 400 milhões depois da construção.
Sobre as dúvidas levantadas pelo Ministério Público em relação ao projeto, Fernando Medina garantiu que a autarquia respondeu "de forma profissional, rigorosa, transparente e exaustiva" e que tem "confiança" no trabalho da autarquia.
Depois de comprar todos os lotes dos terrenos da antiga Feira Popular, a Fidelidade anunciou que vai construir aí a nova sede. A compra dos terrenos permitirá, segundo a seguradora, "não só impulsionar a construção da nova sede do Grupo em Lisboa, mas também participar num projeto imobiliário verdadeiramente inovador e transformador para a cidade, que definirá uma nova centralidade, com alta criação de valor e visibilidade internacional".
Será na futura sede que a Fidelidade vai concentrar os serviços "dispersos por vários edifícios da cidade". Além da sede estão contemplados espaços para habitação e serviços.
A venda decorreu no edifício da Câmara Municipal de Lisboa, em Entrecampos. O último adiamento tinha sido a 3 de dezembro, com a justificação, segundo fonte oficial da câmara adiantou ao DN, de dar mais tempo aos três interessados no negócio - Fidelidade - Property Europe, SA, Dragon Method, SA e Mpep - Properties Escritórios Portugal, SA - para analisarem as dúvidas do Ministério Público sobre o processo conhecido como a Operação Integrada de Entrecampos e as respostas da câmara.
Este arrastamento da hasta pública de quatro lotes de terrenos - que deverá render à autarquia pelo menos 180 milhões cujo encaixe já está previsto no orçamento do próximo ano - foi desencadeado pelas dúvidas apresentadas pela procuradora da República junto do Tribunal Central Administrativo Sul, Elisabete Matos, depois de analisar uma participação entregue pelo CDS-PP na Procuradoria-Geral da República.
Nesse documento os vereadores colocavam em causa a legalidade urbanística da Operação Integrada de Entrecampos com a qual a câmara pretende mudar uma zona da cidade que está abandonada desde 2003 quando a Feira Popular fechou portas.
O presidente da Câmara Municipal, Fernando Medina, solicitou uma reunião com a procuradora Elisabete Matos, "com caráter de urgência", para esclarecer as dúvidas apresentadas. O que veio a acontecer na semana passada.
A saga dos lotes de terreno em Entrecampos começa depois de a Feira Popular fechar portas e de ter sido feita uma permuta entre a câmara, na altura liderada por Carmona Rodrigues, e a empresa Bragaparques. Esta recebia estes 25 hectares e dava à autarquia os do Parque Mayer. No entanto, este negócio acabou em tribunal com o então presidente e os vereadores Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão a serem absolvidos das acusações de prevaricação de titular de cargo político. Este processo também ainda se arrasta pois a autarquia contestou o pagamento de 138 milhões de euros à Bragaparques decidido por um tribunal arbitral.