Ainda bem que existe Lua e que lá fomos há 50 anos", diz João Paulo Vieira, ex-professor e diretor do Centro Ciência Viva de Braga, que tem dedicado boa parte da vida a estudar e a divulgar a astronomia. Todos os dias, astrónomos de todo o mundo tiram proveito daqueles passos de Neil Armstrong e Buzz Aldrin na superfície da Lua, graças ao refletor que os astronautas ali deixaram - que torna possível calcular a distância da Terra à Lua e, com isso, conhecer mais dos movimentos deste satélite que será o que sobrou da colisão de um planeta com a antiga Terra. Uma das conclusões é que a Lua se afasta da Terra três centímetros por ano. "É o preço a pagarmos pela existência das marés", começa por explicar o astrónomo Mário Monteiro, professor associado da Universidade do Porto. "Ao existir dissipação de energia, vai-se afastando.".Calma! Não se trata do enredo da série dos anos 1970 Espaço 1999. A hipótese de uma Lua "em fuga" tardaria milhares de anos. "No nosso tempo de vida isso já não será possível", tranquiliza João Paulo Vieira. "Está mais longe de acontecer do que o Sol de deixar de nos iluminar", completa Mário Monteiro..Ambos, em declarações ao DN, concordam numa ideia: sem Lua a vida poderia continuar a existir, mas não da mesma maneira. "Já cá estamos, adaptávamo-nos", diz João Paulo Vieira. "Os ecossistemas mudariam. O tipo de vida seria forçado a evoluir", diz Mário Monteiro. "Sem marés, algumas espécies que vivem dessa flutuação morreriam e com elas espécies que se alimentam destas...", completa o astrónomo do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço..Afinal, se o Sol permitiu a vida na Terra, a Lua é responsável pela vida como a conhecemos neste planeta. Sem ela, "a Terra não seria a mesma", diz João Paulo Paulo Vieira. "A nossa forma de vida tem tudo que ver com o conjunto Terra-Lua . A rotação, as marés, o clima..."."Uma chatice! Não existiríamos".Como seria uma Terra sem Lua? "Uma chatice! Não existiríamos", responde, resumidamente, Mário Monteiro. ""Podia existir vida, mas seria muito diferente", concorda João Paulo Vieira..Nesse conjunto de fenómenos que permitiram a existência de vida na Terra (como a dimensão do planeta e a distância a que estamos do Sol), a Lua é crucial. Orbita de forma elíptica em torno da Terra à distância de 363 104 quilómetros (no ponto mais próximo) e a 405 696 quilómetros (no mais longínquo)..Sem Lua não haveria eclipses pois nenhum corpo celeste bloquearia a vista para o Sol. E este é apenas o princípio de uma história que tem interessado aos cientistas tanto quanto a própria existência do satélite..As noites seriam muito mais escuras já que o astro mais próximo da Terra depois da Lua é o planeta Vénus - um ponto brilhante no céu numa noite limpa. Uma Lua cheia é duas mil vezes mais brilhante do que Vénus quando Vénus se apresenta no máximo brilho, compara a revista Inside Science..Depois, as marés. A gravidade que nos atrai para a Lua, e o inverso (da Lua à Terra), é responsável por alterações nas marés e, com isso, do nosso dia-a-dia. Sem a existência de marés, as alterações no nível da água dos oceanos seria muito diferente. E mais: "Se pensarmos que a vida terá começado na água e da alteração do nível da água, nasceram os anfíbios, sem essa transição a vida seria muito diferente."."Sem Lua, a rotação da Terra também teria de abrandar", explica João Paulo Vieira. E perder-se-iam as estações do ano. Um dia no planeta Terra também seria "mais curto". Apenas seis a 12 horas. Ou seja, podíamos ter anos com mais de mil dias..À procura de outras Terras?.As hipóteses teóricas levantadas por estas perguntas interessam os cientistas, à procura de resposta fora do nosso sistema solar. "É isso que procuram as novas missões espaciais. Identificar indicadores de atmosfera desses planetas", diz Mário Monteiro. Exoplanetas com dimensões semelhantes às da Terra, onde existe água líquida e com luas. "Já foram detetados um ou dois satélites ainda que com configurações diferentes da Lua.".O astrofísico é otimista. "A minha esperança é de que comecemos a ter indicação de alguns planetas com vida na década de 30 deste século", diz, tendo em conta o conhecimento científico mais profundo e minucioso que a tecnologia tem permitido. "A probabilidade estatística de estarem reunidas as mesmas condições para a existência de vida em outros planetas aumenta."
Ainda bem que existe Lua e que lá fomos há 50 anos", diz João Paulo Vieira, ex-professor e diretor do Centro Ciência Viva de Braga, que tem dedicado boa parte da vida a estudar e a divulgar a astronomia. Todos os dias, astrónomos de todo o mundo tiram proveito daqueles passos de Neil Armstrong e Buzz Aldrin na superfície da Lua, graças ao refletor que os astronautas ali deixaram - que torna possível calcular a distância da Terra à Lua e, com isso, conhecer mais dos movimentos deste satélite que será o que sobrou da colisão de um planeta com a antiga Terra. Uma das conclusões é que a Lua se afasta da Terra três centímetros por ano. "É o preço a pagarmos pela existência das marés", começa por explicar o astrónomo Mário Monteiro, professor associado da Universidade do Porto. "Ao existir dissipação de energia, vai-se afastando.".Calma! Não se trata do enredo da série dos anos 1970 Espaço 1999. A hipótese de uma Lua "em fuga" tardaria milhares de anos. "No nosso tempo de vida isso já não será possível", tranquiliza João Paulo Vieira. "Está mais longe de acontecer do que o Sol de deixar de nos iluminar", completa Mário Monteiro..Ambos, em declarações ao DN, concordam numa ideia: sem Lua a vida poderia continuar a existir, mas não da mesma maneira. "Já cá estamos, adaptávamo-nos", diz João Paulo Vieira. "Os ecossistemas mudariam. O tipo de vida seria forçado a evoluir", diz Mário Monteiro. "Sem marés, algumas espécies que vivem dessa flutuação morreriam e com elas espécies que se alimentam destas...", completa o astrónomo do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço..Afinal, se o Sol permitiu a vida na Terra, a Lua é responsável pela vida como a conhecemos neste planeta. Sem ela, "a Terra não seria a mesma", diz João Paulo Paulo Vieira. "A nossa forma de vida tem tudo que ver com o conjunto Terra-Lua . A rotação, as marés, o clima..."."Uma chatice! Não existiríamos".Como seria uma Terra sem Lua? "Uma chatice! Não existiríamos", responde, resumidamente, Mário Monteiro. ""Podia existir vida, mas seria muito diferente", concorda João Paulo Vieira..Nesse conjunto de fenómenos que permitiram a existência de vida na Terra (como a dimensão do planeta e a distância a que estamos do Sol), a Lua é crucial. Orbita de forma elíptica em torno da Terra à distância de 363 104 quilómetros (no ponto mais próximo) e a 405 696 quilómetros (no mais longínquo)..Sem Lua não haveria eclipses pois nenhum corpo celeste bloquearia a vista para o Sol. E este é apenas o princípio de uma história que tem interessado aos cientistas tanto quanto a própria existência do satélite..As noites seriam muito mais escuras já que o astro mais próximo da Terra depois da Lua é o planeta Vénus - um ponto brilhante no céu numa noite limpa. Uma Lua cheia é duas mil vezes mais brilhante do que Vénus quando Vénus se apresenta no máximo brilho, compara a revista Inside Science..Depois, as marés. A gravidade que nos atrai para a Lua, e o inverso (da Lua à Terra), é responsável por alterações nas marés e, com isso, do nosso dia-a-dia. Sem a existência de marés, as alterações no nível da água dos oceanos seria muito diferente. E mais: "Se pensarmos que a vida terá começado na água e da alteração do nível da água, nasceram os anfíbios, sem essa transição a vida seria muito diferente."."Sem Lua, a rotação da Terra também teria de abrandar", explica João Paulo Vieira. E perder-se-iam as estações do ano. Um dia no planeta Terra também seria "mais curto". Apenas seis a 12 horas. Ou seja, podíamos ter anos com mais de mil dias..À procura de outras Terras?.As hipóteses teóricas levantadas por estas perguntas interessam os cientistas, à procura de resposta fora do nosso sistema solar. "É isso que procuram as novas missões espaciais. Identificar indicadores de atmosfera desses planetas", diz Mário Monteiro. Exoplanetas com dimensões semelhantes às da Terra, onde existe água líquida e com luas. "Já foram detetados um ou dois satélites ainda que com configurações diferentes da Lua.".O astrofísico é otimista. "A minha esperança é de que comecemos a ter indicação de alguns planetas com vida na década de 30 deste século", diz, tendo em conta o conhecimento científico mais profundo e minucioso que a tecnologia tem permitido. "A probabilidade estatística de estarem reunidas as mesmas condições para a existência de vida em outros planetas aumenta."