A paixão de Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez pelas peças do figurado de Barcelos nasceu por volta dos anos 1960 e resultou em duas extensas coleções destas peças. Agora, resolveram doar uma vasta parte das respetivas coleções, mais de 700 peças, ao Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, numa cerimónia que teve lugar esta quarta-feira (25)..A cerimónia contou com as presenças do reitor, António de Sousa Pereira, da vice-reitora para a Cultura, Museus e Editora, Fátima Vieira, dos doadores e de Isabel Maria Fernandes, diretora do Museu Alberto Sampaio, do Paço dos Duques e Castelo de Guimarães (e ex-diretora do Museu de Olaria de Barcelos), que fez a apresentação da coleção.."A Universidade do Porto vai assumir o compromisso de expor e mostrar estas peças ao público, dando a conhecer a sua história a todos os interessados", afirmou António de Sousa Pereira, reitor da U. Porto. "Este é um grande dia para a universidade, devemos estar muito agradecidos ao Alexandre e ao Sérgio pela doação das suas coleções", adicionou..A dupla de colecionadores ganhou esta paixão ainda numa idade jovem, saltando de feira em feira à procura de figurados para comprar, ainda como estudantes. As coleções retratam o trabalho criativo de alguns dos mais importantes ceramistas de Barcelos, com nomes como Mistério, Maria Sineta, Rosa Côta, Júlia Côta, Teresa Mouca e, com um destaque especial, Rosa Ramalho.."Esta exposição é uma exposição que agradecemos muito aos doadores, vai enriquecer bastante o museu", afirmou Fátima Vieira vice-reitora para a Cultura, Museus e Editora..Alexandre Costa admitiu que se inspirou no avô para doar parte da sua coleção, mas revela que ainda tem "muitas [peças de figurado] em casa. Não sou capaz de as doar porque não consigo viver sem elas"..O colecionador levou para a exibição uma peça que afirma ter comprado recentemente e que se distingue das outras - não está pintada. "A concorrência pelas peças, naquela altura, era considerável", explica, e "a pessoa que a comprou, comprou para não a perder", preferindo tê-la inacabada a correr o risco de a perder para outra pessoa.."Todas as peças irão para a Universidade do Porto mais cedo ou mais tarde", adicionou, contando que, por agora, a sua coleção continua a crescer em casa: "Enquanto não morrer não vou parar de as colecionar"..As coleções contam com uma extensa variedade de peças, tais como animais que não sabemos se alguma vez existiram, peças alusivas à religião cristã, ou simplesmente peças que representem normalidades do dia-a-dia, como um homem a andar de bicicleta. O facto de existir esta variedade tão grande no meio das coleções é uma das razões que mantiveram o interesse dos colecionadores ativo até hoje.."Estas peças vão sendo cada vez menos visíveis à medida que o tempo passa", admitiu Sérgio Fernandez. O colecionador afirmou também que não está pronto para "arrumar as botas", mantendo a procura por "novas peças para estimar"..Uma parte das doações será publicamente apresentada numa exposição no próximo mês de julho, dedicada a Aurélia de Sousa, contando também com várias ilustrações da artista. A exposição da totalidade das peças será realizada no primeiro trimestre de 2023.