Do tamanho ao material. Seis conselhos para escolher a melhor mochila para as costas
Tamanho, peso e material são alguns dos fatores a ter em conta na hora de escolher a mochila para a escola, tal como a distância que a criança tem de percorrer a pé. Com a aproximação do regresso às aulas, os responsáveis pela campanha "Olhe pelas suas costas" chamam a atenção para a importância da escolha da mochila para os mais pequenos, com seis recomendações para ajudar pais e educadores a optar por aquelas que apresentem menos riscos para a coluna das crianças.
"Hoje em dia as crianças carregam demasiado peso às costas, o que pode provocar dores e problemas potencialmente graves na coluna vertebral a longo prazo. O tamanho, o material da mochila e o peso a transportar são fatores decisivos no momento da escolha, para assegurar o bem-estar da criança e a saúde da coluna em crescimento", explica, em comunicado, Bruno Santiago, neurocirurgião e coordenador da campanha nacional "Olhe pelas suas costas".
Segundo o especialista, o excesso de peso e as mochilas mal colocadas diariamente podem causar dores de costas. "E é muito importante recordar os pais e educadores que devem optar por mochilas confortáveis, deixando a estética para segundo plano, pois o mais importante é a saúde da coluna das crianças e jovens", afirma o responsável.
"As mochilas escolares estão extremamente, excessivamente carregadas", concorda o ortopedista Jacinto Monteiro. Um problema, prossegue, que "diz respeito às escolas, que obrigam os miúdos a carregar livros, material, dicionários. Mais as lancheiras, o que pode sobrecarregar as crianças".
Devido ao excesso de peso nas mochilas, o professor catedrático diz que "as posturas acabam por não ser as mais corretas". "Para compensar a carga excessiva, há uma flexão do corpo, numa fase em que as crianças estão em desenvolvimento", sublinha, destacando que "nos mais frágeis" pode vir a ter consequências a longo prazo.
Peso
O peso da mochila, já com o material e os livros escolares, não deve, segundo os especialistas, ultrapassar 10% do peso corporal da criança ou do adolescente. Ou seja, uma criança de 30 kg não deve levar mais de 3 kg.
Tamanho
Pode ser melhor optar por uma mochila mais pequena para não haver tendência a levar material em excesso, pois é recomendado que a criança transporte apenas o material que precisa para cada dia.
Arrumação
É vantajoso escolher uma mochila que tenha vários compartimentos, para que o peso seja distribuído e não sobrecarregue os ombros. Para evitar alterações da postura, o material mais pesado deve ser colocado junto ao corpo.
Alças largas
Segundo os responsáveis pela campanha, "a mochila deve ter duas alças largas e almofadadas, de modo a não desencadear contraturas musculares na criança".
Alças ajustadas
Deve "ser colocada ao centro da coluna da criança e o tamanho não deve ultrapassar o nível superior dos ombros, recomendando-se ainda uma utilização simétrica nos dois ombros".
Com ou sem rodas?
Por último, se o percurso até à escola for longo e sem escadas, é recomendada a escolha de uma mochila com rodas (trolley), uma vez que esta alivia a carga nas costas. No entanto, é necessário ter em conta que "estes modelos podem conduzir a esforços ao subir escadas e transportes públicos e o plástico ou o metal da sua estrutura habitualmente são pesados, podendo ser prejudiciais para as costas da criança quando colocadas aos ombros".
Recorde-se que o peso das mochilas é um tema que tem estado em discussão nos últimos meses em Portugal. No início do ano passado, foi entregue no Parlamento a petição pública "contra o peso excessivo das mochilas em Portugal", que reuniu mais de 50 400 assinaturas.
Posteriormente, em outubro, os partidos uniram-se, recomendando ao Governo onze medidas sobre o mesmo tema, entre as quais uma campanha de sensibilização para se monitorizar o peso das mochilas, um estudo pela Direção-Geral de Saúde sobre o efeito do peso da mochila e dos materiais obrigatórios nas crianças - recomendações expressas num projeto de resolução, subscrito por todas as bancadas parlamentares.
Entre a mochila e a pasta, a primeira representa, segundo Jacinto Monteiro, "uma tentativa de distribuir o peso pelos membros superiores". Nos últimos anos, adianta, "tornou-se uma moda", sobretudo entre jovens, mas também nos idosos, o que "pode, por vezes, ser desajustado".