Dilma segura ministro do Trabalho e é alvo de críticas

A presidente brasileira decidiu hoje manter o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em funções, um dia após a Comissão de Ética da Presidência da República recomendar sua demissão.
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Lupi, que foi recebido hoje pela presidente, é alvo de uma série de denúncias de irregularidades na sua pasta e a decisão de mantê-lo no cargo levantou várias críticas ao longo do dia.

Segundo informações divulgadas pela responsável da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas, a presidente solicitou que a Comissão de Ética informasse os elementos que decidiram recomendar a saída do ministro.

"Mantendo Lupi no cargo, a presidente ignora uma recomendação unânime de um órgão auxiliar da Presidência da República responsável por zelar pela imagem do Governo", criticou o deputado Rubens Bueno, líder do Partido Popular Socialista (PPS), que faz oposição ao Governo.

Para o parlamentar, a postura da presidente foi "antiética". "Na prática, Dilma está demitindo a Comissão de Ética", disse Bueno, citado pela imprensa brasileira.

O presidente da Amarribo Brasil, entidade que representa a Transparência Internacional no Brasil, Jorge Sanchez, classificou a decisão da presidente como um "erro". Para Sanchez, a decisão causa prejuízo à imagem do Governo e descredibiliza a Comissão de Ética.

Hoje, Lupi foi alvo de novas denúncias. Uma reportagem do jornal Folha de São Paulo deu conta de que o ministro ocupou dois cargos públicos simultaneamente, entre 2000 e 2005, um em Brasília e outro no Rio de Janeiro, o que não é permitido pela legislação brasileira.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse hoje que está a analisar se há indícios suficientes para justificar uma acção do Ministério Público contra Lupi, publicou a Agência Brasil.

"Pode ser que se chegue à conclusão de que precisa haver investigação sobre ele", disse Gurgel, assinalando que, actualmente, o entendimento é de que não há provas contra o ministro.

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, pediu hoje uma sindicância para analisar a denúncia de que Lupi acumulou dois cargos públicos de forma irregular.

A crise no Ministério do Trabalho começou no início de Novembro, com uma reportagem da revista Veja que denunciava convénios irregulares estabelecidos com organizações não governamentais (ONG) e cobrança de "luvas" por funcionários da pasta.

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