"Dia da Liberdade". Inglaterra levanta restrições apesar do aumento de casos

Primeiro-ministro Boris Johnson não irá aproveitar o fim das restrições porque está em isolamento, após contacto com o ministro da Saúde, que está infetado com covid-19. Mas chegou a pensar em saltar esta medida, fazendo testes diários.
Publicado a
Atualizado a

Acaba o limite ao número de pessoas que se podem encontrar (apesar de continuar a ser recomendado que os encontros sejam no exterior), quem está em teletrabalho deve começar a regressar gradualmente ao posto de trabalho, as máscaras deixam de ser obrigatórias por lei mas ainda são recomendadas em alguns locais (como transportes), as discotecas reabrem, os cinemas e teatros podem esgotar a lotação, o distanciamento social de um metro deixa de ser obrigatório (exceto em alguns locais, como os hospitais) e deixa de ser preciso quarentena de dez dias para quem, estando vacinado, regresse de um país da lista amarela de destinos (onde se inclui Portugal Continental e os Açores).

Chegou o "Dia da Liberdade" para quem vive em Inglaterra. A partir desta segunda-feira, a maioria das restrições aplicadas por causa da pandemia de covid-19 é levantada, apesar do número de casos continuar a aumentar. Na Escócia há também o aligeirar de medidas, mas não se vai tão longe quanto em Inglaterra, sendo que no País de Gales o fim de semana já foi de algum alívio e na Irlanda do Norte é preciso esperar ainda por 26 de julho (a decisão final é tomada no dia 22).

Os dados oficiais deste domingo revelaram que, nas últimas 24 horas, tinham sido detetados mais 48 161 casos de covid-19 no Reino Unido, além de 25 mortes, com 740 novos internamentos (este dado é referente a 13 de julho). O número de novos casos nos últimos sete dias é 43,3% superior ao dos sete dias anteriores -- a variante Delta da covid-19, mais contagiosa, é a dominante em todo o país.

Segundo o governo britânico, todos os maiores de 18 anos podem inscrever-se para tomar a vacina, sendo que mais de 46 milhões já receberam a primeira dose e um total de quase 36 milhões já tem a segunda dose.

A ordem é para acabar com as restrições apesar dos alertas dos especialistas. O diretor-geral da Saúde de Inglaterra, Chris Whitty, avisou que a pandemia ainda não acabou e que o Dia da Liberdade deve ser visto com cautela. "Acho que não devemos subestimar o facto de que podemos ter de novo problemas de novo surpreendentemente rápido", disse.

O cientista cujos modelos matemáticos ajudaram a estabelecer a estratégia de confinamento, Neil Ferguson, indicou que o número de novos casos no Reino Unido pode chegar aos 200 mil por dia, dizendo que é "inevitável" que com o Dia da Liberdade se chegue pelos menos aos 100 mil e mil hospitalizações por dia.

O Dia da Liberdade devia ser de festa para o primeiro-ministro britânico, mas Boris Johnson é um dos que não poderá aproveitar o fim das restrições: está em isolamento depois de ter estado em contacto com o ministro da Saúde, Sajid Javid, que testou positivo para a covid-19.

As primeiras indicações eram que o primeiro-ministro -- tal como o ministro das Finanças, Rishi Sunak -- não iria ficar em isolamento, mas participar num programa piloto de testagem diária. Este permite que algumas pessoas, que estiveram em contacto com casos positivos, continuem a ir trabalhar efetuando testes diariamente, tendo contudo que se isolar quando não estão no trabalho.

Contudo, a indignação geral e as críticas foram tantas, com a oposição trabalhista a acusar o governo de querer estar "acima da lei, que Boris Johnson acabou por recuar nessa ideia.

Numa mensagem vídeo, Johnson disse que só "pensou brevemente" em não ficar em isolamento, mas que depois chegou à conclusão que é "mais importante que toda a gente siga as mesmas regras". Ficará em isolamento até dia 26.

Twittertwitter1416764592043315204

O primeiro-ministro continuará a trabalhar e a manter reuniões à distância, desde a casa de campo dos chefes de governo britânicos, em Chequers, no noroeste de Londres.

Em relação ao levantamento das restrições a partir desta segunda-feira, Boris Johnson diz que o momento de o fazer é agora, mas pede cautela a todos, lembrando que a pandemia ainda não acabou.

-- Não há limite para reuniões sociais, mas recomenda-se que encontros sejam ao ar livre. E pode haver casa cheia em concertos, teatros, cinemas, eventos desportivos ou locais de culto. Não há limite para o número de convidados para os casamentos ou para quantas pessoas assistem a um funeral.

-- O distanciamento social de um metro deixa de ser obrigatório, exceto em alguns locais, como hospitais. Os lares de idosos deixam de ter limite às visitas.

-- O uso de máscaras já não é obrigatório por lei, mas o governo ainda recomenda que continuem a ser usadas em espaços fechados e com muita gente. Além disso, algumas lojas e transportes também podem manter a obrigatoriedade do seu uso.

-- Discotecas podem reabrir e pubs e restaurantes deixam de estar limitados a serviço de mesa. Nas discotecas e nos grandes eventos recomenda-se verificar o "passe covid", que garante que a vacinação está completa, mas legalmente não é obrigatório.

-- Quem está em teletrabalho deve começar a regressar ao posto de trabalho, gradualmente.

-- É levantada a recomendação para que não se viaje para países da lista amarela (onde se inclui Portugal e os Açores, com a Madeira a estar na lista verde) e os adultos que estão totalmente vacinados já não precisam de ficar dez dias de quarentena quando regressam.

A partir de 16 de agosto, se nada mudar, a maior parte das restrições no sistema de ensino vão ser levantadas e os adultos totalmente vacinados deixam de precisar ficar em isolamento caso tenham tido contacto com um caso positivo.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt