Federer, o falcão Rufus e os morangos com creme. Dez curiosidades de Wimbledon
1- Wimbledon é o torneio de ténis mais antigo do mundo, não fosse o ténis uma invenção britânica. Foi criado pelo All England Croquet and Lawn Tennis Club (AELTC) em 1877. O nome do torneio vem da região onde está sediado o clube, Wimbledon, no sudoeste de Londres. Com exceção do período entre 1915 e 1918 e entre 1940 e 1945, correspondentes às duas Grandes Guerras, o torneio vem sendo realizado anualmente no mês de julho.
2- Roger Federer é o tenista com mais título em Wimbledon. São já oito. O suíço venceu em 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009, 2012 e 2017. Quanto aos tenistas britânicos, os últimos a vencer os torneios individuais foram o escocês Andy Murray, em 2013 e Virginia Wade, em 1977.
3- É o único torneio do Grand Slam jogado em relva. Os courts são semeados com 100% de relva azevém perene. O campo principal só é utilizado durante o torneio - a única exceção foi em 2012, quando Wimbledon recebeu os jogos de ténis do Jogos Olímpicos.
4- É um torneiro que obedece a rigorosas regras de vestuário. Os jogadores só podem usar roupas e acessórios de cor branca e não é permitido patrocínio ou publicidade. Até 1930, os homens não podiam usar shorts (somente calças compridas). Ainda hoje os espetadores não podem entrar de calções na tenda VIP do recinto. O dress code chega aos árbitros de cadeira, que usam gravatas das cores do clube, verde e roxo, desde 1933.
5- Comer morangos com creme é uma tradição em Wimbledon desde 1877, ano do arranque do torneio, seguida tanto por jogadores quanto por espetadores. Durante o torneio são consumidos 34 mil quilos de morango e 10 mil litros de creme. A tradicional porção de morangos com creme custa 2,50 libras (2,80 euros).
6- Os campeões recebem uma réplica, 75% do tamanho do troféu verdadeiro, com os nomes de todos os campeões anteriores gravados. Nos primeiros tempos era mais pequeno. Federer achou-os tão pequenos que pagou para ter troféus mais parecidos com o original em termos de tamanho, segundo confessou numa entrevista. Os campeões masculinos são presenteados com uma taça de prata de aproximadamente 47 cm de altura e 19 cm de diâmetro. Esse troféu tem sido oferecido desde 1887 e contém a inscrição "All England Lawn Tennis Club Single Handed Championship of the World." O troféu original é da propriedade do All England Club e fica guardado no museu.
7- Os assistentes de court são chamados de BBGs (Ball Boys and Girls) e são captados em escolas de Londres. Os candidatos são nomeados pelos professores e devem passar por testes físicos e escritos, entre outros, antes de serem escolhidos. A idade média dos BBGs é 15 anos, sendo que só há mulheres nos courts desde 1985.
8- Ninguém jogou mais partidas em Wimbledon do que Martina Navratilova - 326, em mais de quatro décadas. Já o jogador com mais ases é Goran Ivanisevic (campeão de 2001) que disparou 212 ases. Entre as mulheres, o recorde é dividido entre Serena Williams em 2008 e Alexandra Stevenson em 1999, que fizeram 57 serviços indefensáveis. Já o jogador com mais vitórias em Wimbledon é Roger Federer (95).
9- Wimbldeon tem um camarote Real para a família real britânica e outros convidados da realeza. A tradição dos jogadores se curvarem diante do camarote Real acabou em 2003, a não ser que Sua Majestade A Rainha Elizabeth II ou seu filho, príncipe Charles, estejam presentes. A rainha da Inglaterra só esteve presente no torneio por quatro vezes: 1957, 1962, 1977 e 2010.
10- Os pombos podem ser um problema em Londres e no evento, por isso a organização do torneio contratou um falcão de nome Rufus para os espantar. E Rufus também recebe uma credencial da organização.
O tenista suíço Roger Federer vai lutar pelo nono título em Wimbledon, terceiro major da temporada, e terá como principais adversários o campeão em título, Novak Djokovic, que só poderá encontrar na final, e o espanhol Rafael Nadal.
Em contagem decrescente para o arranque do Grand Slam inglês, que vai decorrer entre 01 e 14 de julho, o número três mundial, Federer, e o líder do ranking ATP, Djokovic, são apontados como os principais favoritos, em virtude do historial de ambos no All England Club.
Já lá vão 20 anos desde a estreia do tenista helvético na catedral da relva, quando então, em 1999, foi eliminado pelo checo Jiri Novak na primeira ronda. Desde essa altura, disputou 11 finais e só conheceu o sabor da derrota em três ocasiões, precisamente diante Djokovic, em 2014 e 2015, e de Nadal, em 2008.
Este ano, após o 10.º triunfo no ATP 500 de Halle, Roger Federer chega a Wimbledon com 37 anos, 102 troféus conquistados, 19 dos quais em relva, e aspirações de ganhar pela nona vez, o que lhe permitiria alcançar o 21.º major da carreira.
Além dos dados estatísticos favoráveis, o suíço beneficia ainda do estatuto de segundo cabeça de série, na sequência de uma fórmula exclusivamente aplicada por Wimbledon e à margem da hierarquia ATP, ao contrário dos restantes torneios do circuito, e por isso só poderá encontrar Djokovic na final, numa reedição do sucedido em 2014 e 2015.
"O Roger é o melhor de todos os tempos na relva e ganhou mais títulos em Wimbledon do que qualquer outro, por isso, se alguém merece é ele. Mas, ao mesmo tempo, é para ficar no lugar do Nadal. Por esse motivo, é um tanto surpreendente", confessou Novak Djokovic recentemente.
O líder do ranking vai defender o título em Wimbledon, onde brilhou igualmente em 2011, 2014 e 2015. E, apesar de uma estreia teoricamente mais complicada frente ao alemão Philip Kohlschreiber, Djokovic conta com a vantagem de ter vencido dois torneios ATP esta época, o Open da Austrália e o Masters 1000 de Madrid, e a experiência de 15 títulos do Grand Slam.
À semelhança da última edição de Roland Garros, Roger Federer, que vai jogar na ronda inaugural frente ao sul-africano Lloyd Harris (87.º ATP), só poderá defrontar o número dois mundial e terceiro pré-designado, Rafael Nadal, nas meias-finais no All England Club.
O maiorquino, embora não tenha apreciado o sistema adotado por Wimbledon na atribuição dos cabeças de série, "por ser o único a ter tal fórmula", defende que, "sendo segundo ou terceiro pré-designado", vai "ter de jogar ao melhor nível" para aspirar aquilo que deseja na relva londrina, onde ganhou dois dos seus 18 torneios do Grand Slam, em 2008 e 2010.
Depois de afastado por Djokovic há um ano nas meias-finais, Rafael Nadal, de 33 anos, vai iniciar a sua participação diante o japonês Yuichi Sugita, antes de poder colidir na segunda jornada com o australiano Nick Kyrgios, responsável pela sua eliminação na quarta ronda, em 2014.
Na competição feminina, a australiana Ashleigh Barty, número um do mundo, a campeã Angelique Kerber (5.ª) e a norte-americana Serena Williams (11.ª), que venceu por sete vezes em Wimbledon, são algumas das favoritas e ficaram colocadas na mesma metade do quadro, pelo que se antevê uma competição renhida no All England Club.
Enquanto a mais nova das irmãs Williams vai iniciar a sua campanha pela conquista do 24.º major da carreira ante a qualifier italiana Giulia Gato-Monticone, e tem como possíveis adversárias Krystina Pliskova e Julia Goerges, antes de poder defrontar na quarta ronda a alemã Angelique Kerger, Barty vai tentar assegurar a qualificação para a segunda semana do Grand Slam britânico pela primeira vez.
Depois de vencer Roland Garros e ascender ao primeiro lugar da hierarquia WTA, a australiana ganhou os seus últimos 12 encontros e, em Wimbledon, poderá ter o seu primeiro grande desafio, na terceira ronda, diante a espanhola e antiga campeã de Wimbledon, Garbiñe Muguruza.
O tenista João Sousa é o único português a disputar o quadro principal de Wimbledon, terceiro torneio do Grand Slam, e vai tentar superar o melhor registo de sempre na relva londrina, a terceira ronda disputada em 2016.
João Sousa, número 66 do ranking ATP, estreou-se no major britânico em 2011, mas só passados três anos conseguiu a qualificação para o quadro principal.
Depois de ter sido derrotado na primeira eliminatória pelo suíço Stan Wawrinka, então top-5 mundial, em 2014 e 2015, o vimaranense viria a disputar a terceira ronda no ano seguinte, alcançando o seu melhor resultado de sempre no All England Club.
Eliminado, na altura, pelo checo Jiri Vesely, após as vitórias sobre o russo Dmitry Tursunov e o norte-americano Dennis Novikov, João Sousa não voltou a superar a ronda inaugural do torneio que vai decorrer, entre 1 e 14 de julho.
Esta época, apesar de teoricamente favorito para o encontro de estreia com o jovem britânico Paul Jubb (472.º ATP), que recentemente se tornou campeão universitário nos Estados Unidos, o vimaranense, de 30 anos, terá como possível segundo adversário o croata Marin Cilic (13.º ATP), finalista de Wimbledon em 2017 e vencedor do US Open em 2014.
A favor de João Sousa abona o facto de ter ganhado recentemente três encontros na relva do ATP 500 de Halle, antes de ceder perante o jovem croata Borna Coric (14.º ATP), em três renhidos sets, e a ambição de tentar ultrapassar a terceira ronda em Wimbledon, depois de ter atingido os oitavos de final do US Open, em 2018.
Além da prova individual, João Sousa vai juntar-se a Leonardo Mayer na competição de pares. A dupla luso-argentina, que este ano chegou às meias-finais do Open da Austrália, naquele que foi um feito histórico para o ténis nacional, tem encontro marcado com os britânicos Daniel Evans e Lloyd Glasspool, que receberam um wild card.