Problemas de comportamento aumentam nos lares de crianças

Os casos de comportamentos antissociais aumentaram 38% em 2015
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Dos 8.600 menores institucionalizados, 37,8% tinham problemas comportamentais em 2015, ou seja, 3.258. Este número representa mais de um terço das crianças e jovens que vivem em instituições de acolhimento e revela um aumento de 1.094 casos em relação a 2014.

Segundo o relatório de Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens - CASA 2015, divulgado pelo Instituto da Segurança Social esta quinta-feira, mais de metade dos jovens, 1.670 - ou seja, 51% - que apresentavam problemas de comportamento tinha entre os 15 e os 17 anos, mais 510 do que em 2014.

Nas faixas etárias dos 12-14 anos e dos 18-20 anos os casos problemáticos baixavam para 20%.

O relatório divide os desvios comportamentais em três: os comportamentos ligeiros - como são as mentiras para evitar obrigações, as fugas breves e as intimidações - os comportamentos médios - que são os pequenos furtos, a destruição de propriedade sem grandes prejuízos e agressões físicas - e os comportamentos graves - roubos, utilização de armas brancas e destruição de propriedade com prejuízos consideráveis.

"Os problemas de comportamento de tipo ligeiro são claramente predominantes", mostra o estudo, revelando que são registados em 69% das crianças e jovens. Mais uma vez destacam-se os jovens entre os 15 e 17 anos, que apresentam 47% dos problemas de comportamento ligeiros.

Já os comportamentos com uma gravidade média representam 29% do total e os graves 4%.

O relatório revela ainda que a maioria das crianças e jovens, 5.032, são acompanhadas regularmente em pedopsiquiatria e/ou psicoterapia - mais 22% do que em 2104 - e que 1.214 beneficiam de "acompanhamento irregular". 23,4% dos menores institucionalizados tomava mediação prescrita em 2015.

Para a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, esta situação demonstra "o grande desafio" de se proceder a "uma melhor articulação" com saúde.

Muitos destes jovens tiveram percursos de vida difíceis e "precisam de acompanhamento na área da saúde mental" para poderem "reencontrar o seu equilíbrio", disse Ana Sofia Antunes num encontro com jornalistas no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. 1 em cada 3 jovens já tinham vivido em mais do que uma instituição de acolhimento.

É necessária uma rede de Cuidados Continuados de Saúde Mental que "ainda não foi concretizada", afirmou a secretária de Estado, segundo o Público.

[destaque:Estes jovens "colocam-se muitas vezes a si próprios em perigo bem como às outras crianças e jovens acolhidos" e trabalhadores das instituições quando entram em crise ou descompensação. ]

Um técnico do Instituto de Segurança Social defendeu que os jovens precisam de uma "resposta adequada" ao seu problema, que já não se pode basear "em casa, comida e roupa lavada".

Terá que haver um "reestruturação do serviço de acolhimento", defendeu o técnico, adiantando que a rede está a ter "algumas dificuldades" em receber estes jovens com necessidades específicas.

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