Florival Baiôa: "O sentimento de raiva é generalizado"
Como surgiu o movimento de cidadãos Beja Merece+?
Iniciou-se em 2010/11. Fez-se então uma petição com 16 mil assinaturas entregue na Assembleia da República e aos grupos parlamentares só sobre a linha do comboio. Não resultou em nada. Houve muita intromissão dos partidos...
Aproveitaram-se?
O problema da região agravou-se, continua a ser nulo o investimento, à exceção de Alqueva. Houve uma explosão de revolta contra esta situação e decidiu-se novamente fazer uma reunião, reavivou-se o movimento e acrescentou-se o +. Não se previa no Quadro Comunitário nada para a região e vemos a malta nova a sair e a procurar emprego em Lisboa, o centro histórico abandonado, as lojas a fechar. Todos os anos desaparece um 1% da população e achámos que seria de entregar uma petição assente na questão da saúde e das acessibilidades.
É um movimento apartidário?
É suprapartidário, temos gente de todos os partidos, mesmo das cúpulas locais, todos têm comparecido, o que mostra que os objetivos são transversais a todos.
Há presidentes de câmaras?
Quase todos os presidentes de câmara do distrito assinaram a petição e alguns foram a Lisboa entregá-la. Mobilizámos as pessoas para Lisboa e mostrámos aos políticos que somos capazes de fazer frente ao poder centralizado.
Os políticos lembram-se sempre da região na altura da Ovibeja...
Vêm à feira por questões meramente relacionadas com a agricultura. E este ano os agricultores queixaram-se bastante...
Sente-se frustrado?
Não, é raiva! E é generalizado. É o sentimento de quem está a ser desprezado, toda a região do Baixo Alentejo é desprezada. Até o Ministério da Educação tem várias obras para o país e não tem uma única remodelação para o Baixo Alentejo.
Que outra ação têm prevista?
Está a ser preparada no segredo dos deuses, não posso adiantar, mas vai ter impacto.
Porque é que Beja merece mais?
Pelas pessoas que tem, que gostam da região, que aqui ficam a penas, pela paixão que têm pela região. Porque com Alqueva temos água e criámos uma nova linguagem económica que tem a ver com produtividade agrícola e agroindustrial, pensávamos que a partir daqui se podia utilizar as novas infraestruturas para chamar investidores, para chamar gente, jovens, criar nova dinâmica a nível dos serviços. Não podemos continuar a ficar esquecidos como até agora. Somos a região mais esquecida desde o 25 de Abril.