Despesa militar sobe mais na China e cai 20% na Rússia
As despesas com o setor da Defesa correspondem a mais de 1800 dólares por cada uma dos 326 milhões de pessoas que constituem a população atual dos Estados Unidos. Washington consagrou 610 mil milhões de dólares no ano transato para as suas forças armadas, o correspondente à soma das verbas consagradas para o mesmo setor pelos sete países seguintes, em que se incluem a China - que teve o maior crescimento absoluto em gastos - e a Rússia - que conheceu a primeira redução na despesa militar em duas décadas. Estas são algumas das principais conclusões do relatório do SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute, Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo), ontem divulgado.
O documento do SIPRI revela que a despesa militar continua a aumentar no mundo, tendo atingido o montante de 1,7 biliões de dólares em 2017, uma subida de 1,1% face ao ano anterior. No relatório constata-se que após o período de 2012 a 2016, em que a despesa permaneceu estável, em 2017 subiu, representando agora 2,2% do produto interno bruto (PIB) mundial ou cerca de 230 dólares por cada um dos 7,6 mil milhões de habitantes do planeta.
A assinalar, o facto de a despesa militar ter aumentado mais 12 mil milhões de dólares na China, face a 2016, tendo sido no total de 228 mil milhões de dólares. País com a segunda maior fatia em gastos na Defesa, após os EUA, a China representa atualmente 13% do total dos gastos no setor. Em contrapartida, e pela primeira vez desde 1998, o orçamento das forças armadas caiu na Rússia, que despendeu menos 13,9 mil milhões de dólares em 2017, ficando-se pelos 66,3 mil milhões, apesar de envolvida na guerra civil na Síria. O SIPRI apresenta como explicação a situação económica, em crise desde 2014, associada às sanções aplicadas pelos EUA, União Europeia e outros países devido à intervenção na Ucrânia e invasão e anexação da Crimeia.
É no Médio Oriente e na Ásia que se assiste a um maior crescimento da despesa militar. No primeiro caso, com a Arábia Saudita a consolidar a terceira posição mundial, com um aumento de 9,2% em 2017 face ao ano anterior: 69,4 mil milhões de dólares, ou seja, 10% do PIB. Outros países na região consagram também importante fatia do seu PIB à Defesa: Omã, 12%, Koweit, 5,8%, Jordânia, 4,8%, Israel, 4,7%, Líbano, 4,5%, e Bahrein, 4,1%.
No caso da Ásia, onde a despesa militar cresceu pelo 29.º ano consecutivo, além do peso da China, assiste-se ao crescimento do orçamento da Defesa na Índia, que sobe ao quinto lugar, ultrapassando a França. Em 2017, a Índia aumentou em 5,8% a despesa com as suas forças armadas num total de 63,9 mil milhões de dólares.
Ainda na Ásia, após a China e a Índia, a terceira posição é ocupada pela Coreia do Sul, com um orçamento de 39,2 mil milhões de dólares. O SIPRI considera, aliás, a Ásia como uma das regiões de maior tensão, devido às ambições territoriais da China e à conjuntura na península coreana, avaliação elaborada antes de serem conhecidos os mais recentes desenvolvimentos, como a cimeira intercoreana e o projetado encontro entre o presidente Donald Trump e Kim Jong-un, o dirigente da Coreia do Norte.
O relatório constata o aumento da despesa militar em todos os continentes, à exceção de África, onde se verificou, pelo terceiro ano consecutivo, uma retração de 0,5% face ao ano anterior.
No que respeita ao peso da despesa dos Estados membros da Aliança Atlântica este representou 52% do total da despesa mundial, com os 29 países a despenderem 900 mil milhões de dólares em 2017.