Desconfinamento recuperou 109 mil empregos, mas jovens ficaram para trás

Recuperação entre quem tem até 25 anos é inexpressiva. Em outubro, perderam-se mais cerca de cinco mil postos de trabalho jovens.
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O mês de outubro marcou cinco meses consecutivos de recuperação no emprego com a criação líquida de 109.900 postos de trabalho desde maio, mês do início do desconfinamento após o primeiro período de estado de emergência do país. Mas para os trabalhadores jovens o período de distensão nas restrições praticamente não trouxe ganhos tendo em conta a destruição provocada pela pandemia na primavera. Em cinco meses, a recuperação de emprego não vai além dos 2700 postos de trabalho para quem tem até 25 anos.

Em outubro, último mês de alívio de restrições antes do regresso ao estado de emergência na maioria dos concelhos do país, o emprego jovem tornou a cair, em contraciclo com o que sucedeu nas restantes faixas etárias, mostram as últimas estatísticas do emprego, publicadas ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Em comparação com setembro, houve uma geração líquida de emprego a rondar os 16 mil postos de trabalho. Mas para os trabalhadores mais novos houve um retorno à perda de emprego após melhorias registadas em setembro. Em outubro, havia 246,4 mil jovens empregados, menos 4800 do que um mês antes.

Os dados resultam de estimativas para outubro, quando o INE antecipa que a taxa de desemprego tenha descido aos 7,5%, no segundo recuo consecutivo desde agosto a atenuar a diferença em relação há um ano: um ponto percentual, face aos 6,5% da taxa de outubro de 2019.

Os números do desemprego, que nos meses iniciais da pandemia foram condicionados pelas dificuldades na manutenção de procura ativa de emprego necessária à qualificação de desempregado, dispararam em junho, julho e agosto, mês em que mais de 414 mil contavam como desempregados. Mas, desde então, começaram a cair, chegando em outubro aos 387 800.

É um número ainda bastante acima do que se verificava no período pré-pandemia (fevereiro contava 331,6 mil desempregados), mas representa uma redução importante. E, mesmo entre os jovens, houve uma diminuição, pese embora não haver melhoria no emprego. Em comparação com agosto, há menos 9400 jovens classificados como desempregados: são 77.400.

A redução no desemprego sem melhoria no emprego atira os jovens que deixaram de contar para cada uma destas duas definições para a grande bolsa de inatividade, na qual permaneciam 243.700 indivíduos em outubro (mais 36% do que há um ano). Esta inclui inativos à procura de emprego mas não disponíveis, e também inativos disponíveis que não procuram emprego. Destes dois grupos, o único que regista crescimento nos últimos meses é o dos primeiros: à procura de emprego mas ocupados. Desse grupo, constarão os indivíduos a receber formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional, que tem vindo a recuperar, e que contribuirá para explicar a redução de desemprego verificada.

Maria Caetano é jornalista do Dinheiro Vivo

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