Deputados questionam Manuel Heitor sobre medidas após manifesto

No documento são apontados problemas como a "ausência de calendarização plurianual" de concursos para projetos de investigação, a "imprevisibilidade de financiamento", a "crescente burocratização" e a "alteração sistemática de regulamentos e formulários"
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Deputados da direita e da esquerda questionaram esta terça-feira o ministro da Ciência, Manuel Heitor, sobre medidas para o setor, depois de ter assinado um manifesto que pede financiamento "consistente e transparente" e menos burocracia.

Manuel Heitor foi hoje ouvido na comissão parlamentar de Educação e Ciência, a pedido do PSD, sobre o "Manifesto Ciência Portugal 2018".

PSD, CDS-PP, BE e PCP perguntaram ao ministro, sem obter respostas, que medidas serão adotadas face ao diagnóstico traçado no manifesto, cuja assinatura pelo titular da pasta da ciência criticaram, adjetivando-a como "ridícula, bizarra, caricata [e] uma manobra de marketing político".

O ministro da Ciência reconheceu, sem mencionar novas medidas, que "é preciso fazer muito mais".

"Mais financiamento e menos burocracia, essa é a nossa guerra", afirmou Manuel Heitor, assinalando que assinou o manifesto, a circular na internet, para "dignificar e tornar mais visível o ativismo científico".

O deputado do PS Porfírio Silva acorreu em defesa do ministro, sublinhando que Manuel Heitor "não traiu a sua condição de cientista".

"Nunca veio dizer que estava tudo bem, que não era preciso mais financiamento", sustentou, respondendo à crítica da deputada do PSD Margarida Mano por Manuel Heitor ter subscrito um manifesto "contra si próprio, contra a política do Governo".

O ministro, que assinou o manifesto com mais de 5.000 subscritores na qualidade de investigador do Instituto Superior Técnico, insistiu que "o Governo não anda a reboque de manifestos".

"Não é por desburocratizar mais o Estado que se desburocratizam as instituições", atirou.

No "Manifesto Ciência Portugal 2018" é apontada a "ausência de calendarização plurianual" de concursos para projetos de investigação, a "imprevisibilidade de financiamento", a "crescente burocratização" e a "alteração sistemática de regulamentos e formulários".

A iniciativa partiu de mais de 30 proponentes, como os investigadores Elvira Fortunato, Maria Mota, Mónica Bettencourt-Dias, Marta Moita, Arlindo Oliveira e Helder Maiato, que solicitam ao Governo e ao parlamento que "reconheçam urgentemente a necessidade de traçar um rumo de médio e longo prazo para a ciência em Portugal".

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