Dos 110 deputados presentes, 94 votaram a favor, 14 abstiveram-se e dois votaram contra. O texto terá ainda de ser aprovado pelo Senado, dominado pelo partido no poder, antes de ser promulgado pelo presidente Pierre Nkurunziza..O Burundi exprimiu a semana passada a sua intenção de abandonar o TPI, denunciando "um conluio" (da comunidade internacional) que visa prejudicar o Burundi", numa referência à abertura alguns dias antes de um inquérito da ONU sobre as violações dos direitos humanos no país desde abril de 2015..O primeiro vice-presidente, Gaston Sindimwo, considerou na altura em declarações à agência France Presse que o TPI é um "meio político" utilizado pela comunidade internacional para "oprimir os países africanos", fazendo eco de críticas recorrentes de alguns países africanos contra aquele tribunal..A saída do Burundi do TPI não colocará automaticamente o país ao abrigo de acusações do tribunal, dado que este pode investigar países não-membros desde que o Conselho de Segurança da ONU o autorize, como aconteceu nos casos do Darfur (Sudão, 2005) e da Líbia (2011)..Além disso, de acordo com o tratado fundador do primeiro tribunal penal internacional permanente, o Estatuto de Roma, a retirada de um país só é efetiva um ano após a data em que a notificação foi recebida e não suspende investigações em curso..O Conselho dos Direitos Humanos da ONU anunciou a 30 de setembro a abertura de um inquérito visando 12 personalidades do regime - entre os quais o "número dois" do poder, o general Alain-Guillaume Bunyoni - suspeitos de envolvimento na prática de crimes desde o início da atual crise em abril de 2015..Dez dias antes, um relatório da ONU tinha acusado Bujumbura de ser responsável por graves violações dos direitos humanos e alertado para possíveis "crimes contra a humanidade" e um "grande risco de genocídio"..A procuradora do TPI, Fatou Bensouda, lançou em abril um exame preliminar sobre assassínios, torturas e violações no Burundi.