Depois de Gyökeres e Diomande, Rafael Silva também chega das divisões secundárias
Rafael Silva é o mais recente reforço do Sporting descoberto em divisões secundárias. O defesa-central de 20 anos jogava no Leixões, da II Liga, e será apresentado apenas em janeiro, quando abre o mercado de transferências de inverno, mas já treina na Academia Cristiano Ronaldo.
O primeiro reforço de inverno dos leões deverá custar cerca de 700 mil euros, com o atleta a assinar um contrato válido até 2028. Este negócio irá fazer aumentar a aposta feita pelo scouting do Sporting nos escalões secundários, depois das apostas certeiras também no avançado sueco Viktor Gyökeres e no defesa costa-marfinense Ousmane Diomande, que juntos custaram 27, 5 milhões de euros, mas cujas cláusulas de rescisão somadas atingem os 180 milhões de euros.
Foi no dia 13 de julho que os leões anunciaram a contratação de Gyökeres. O valor - 20 milhões de euros (mais quatro milhões em objetivos e mais dois milhões pagos à empresa de agenciamento) - fizeram do avançado sueco o reforço mais caro da história do Sporting. Um rótulo demasiado pesado para quem chegava do Coventry, que milita no Championship, o segundo escalão do futebol inglês, mas que não inibiu o atacante, que depressa acabou com a desconfiança. "Vi duas propostas da Premier League, porque o Hugo [Viana] e o empresário dele mostraram-nos. O Hugo Viana fez um excelente trabalho e apostámos no Viktor, que deu certo", atirou o treinador Rúben Amorim, quando confrontado com uma notícia que dava conta de o sueco ter estado também na órbita do Benfica.
A descoberta do internacional sueco tem vários culpados, a começar por Rúben Amorim. Depois de recusar investir num ponta-de-lança fixo e da aposta em Islam Slimani ter corrido mal, o técnico decidiu delegar no gabinete de scouting a missão de encontrar um goleador de acordo com o perfil que desejava. Gyökeres já estava identificado na base de dados e, depois de escolhido, Hugo Viana contactou o empresário do jogador para saber em que condições o poderia contratar. E o resto já se sabe. Foi preciso muita paciência e 20 milhões de euros para o contratar. Assinou até 2028 e ficou com uma cláusula de rescisão de 100 milhões. Ele respondeu em campo: 17 golos em 20 jogos.
Já Ousmane Diomande chegou a Alvalade em janeiro de 2023 vindo do Mafra da II Liga, onde jogava por empréstimo dos dinamarqueses Midtjylland, que têm um protocolo com o clube português. O elevado investimento - 7,5 milhões de euros, num acordo que poderá ascender aos 12,5 M€, sendo que o antigo clube ainda é dono de 20% dos direitos económicos - no defesa-central costa-marfinense desconhecido e sem experiência causou estranheza, mas a contratação foi mais uma vez defendida pelo treinador.
"Em relação ao Diomande, estou cada vez mais confiante de que fizemos um excelente negócio. É muito forte com bola, sem bola, e não escolheria outro. Tanto se falou do preço, mas estou confiante que está ali um grande jogador", disse Rúben Amorim após a estreia de Diomande, que assinou até 2027 e ficou com cláusula de rescisão no valor de 80 milhões, a mais alta do plantel até à chegada de Gyökeres.
É esse, aliás, o valor que a SAD do Sporting tem pedido a quem pergunta o preço de Diomande, que vai desfalcar o plantel leonino durante um mês, pois o defesa foi convocado pela Costa do Marfim para a Taça de África das Nações (CAN), que decorrerá entre janeiro e fevereiro. Daí que Amorim tenha pedido a contratação de mais um central, até porque Jeremiah St. Juste continua a ter problemas físicos e Gonçalo Inácio tem sido muito cobiçado.
A verdade é que o Sporting se tem dado bem ao investir em contratações de jogadores de divisões inferiores. Matheus Nunes é um excelente exemplo disso mesmo. Em 2021, um relatório do scouting e o depoimento do então treinador da equipa de sub-23 eram claros na recomendação da contratação do agora médio do Manchester City, que na altura se dividia entre jogos dos sub-23 do Estoril na Liga Revelação e jogos da equipa principal na II Liga.
Tinha 20 anos quando o Sporting o contratou a troco de 500 mil euros, por 50% do passe, em janeiro de 2019, ficando o clube com a opção de adquirir mais 30% por mais 450 mil euros, o que fez antes do prazo. Um negócio anterior à contratação de Rúben Amorim, mas potenciado pelo técnico, que fez dele o pilar do meio-campo e acabou por festejar o título de Campeão Nacional em 2021. Em agosto de 2022, Matheus Nunes foi vendido ao Wolverhampton por 45 M€ e esta época mudou-se para o Manchester City, por 62 M€.
Quando, no passado sábado, o treinador do Leixões, Pedro Ribeiro, elogiou Rafael Silva (1,91m, 78 kg) pelas "características muito boas para o futebol moderno", avisando inclusive que se "iria ouvir falar muito dele", já saberia que o ítalo-brasileiro tinha as portas de Alvalade abertas.
Formado no Ponte Preta, clube de Campinas, no estado de São Paulo, Rafael Silva, de 20 anos, foi contratado para os juniores do Valladolid, clube que é propriedade de Ronaldo Nazário, em 2022 e partilhou o balneário com agora também leão Iván Fresneda, mas não se deu bem e voltou ao Brasil para jogar nos sub-20 do Cruzeiro. Foi lá que o Leixões o foi buscar. Em Matosinhos, distinguiu-se como um central canhoto de grande potencial, exibido nos 14 que fez ao serviço dos leixonenses esta época.
isaura.almeida@dn.pt