Demissão de Paulo Júlio vai obrigar a terceira 'mexida' no Governo
Sem ainda ter mudado qualquer ministro, desde que assumiu funções em junho de 2011, Pedro Passos Coelho tem "resistido" por mais tempo do que os antecessores José Sócrates e Pedro Santana Lopes a mudanças profundas nos 11 ministérios do seu executivo.
A primeira "baixa" no executivo de Passos Coelho registou-se a 12 de março de 2012, quando o ex-secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, apresentou a demissão alegando motivos de "índole pessoal e familiar", uma saída que a oposição viu como uma "cedência" do Governo aos "interesses instalados" do setor energético.
A segunda alteração no elenco governamental aconteceu a 25 de outubro e atingiu três secretarias de Estado: Francisco José Viegas saiu da Cultura por razões de saúde, sendo substituído por Jorge Barreto Xavier, e Isabel Silva Leite deixou, a seu pedido e por motivos pessoais, o Ensino Básico e Secundário, pasta que passará para Henrique Dias Grancho.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, decidiu ainda nessa altura separar as pastas das Finanças e do Tesouro, criando uma nova Secretaria de Estado das Finanças, ocupada pelo vice-presidente do PSD Manuel Luís Rodrigues, mantendo-se Maria Luís Albuquerque como secretária de Estado do Tesouro.
Hoje, três meses depois dessa última alteração ao elenco governamental, Paulo Júlio apresentou a demissão do cargo de secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa, pedido que já foi aceite pelo primeiro-ministro que referiu que o governante será "oportunamente substituído".
A demissão de Paulo Júlio segue-se a ter sido notificado na passada segunda-feira pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra de um despacho de acusação pela alegada prática, em 2008, enquanto presidente da Câmara de Penela, de um crime de "prevaricação de titular de cargo político".
Nos governos anteriores, liderados por José Sócrates e Santana Lopes, as primeiras remodelações surgiram ao fim de quatro meses, no primeiro caso por motivos "pessoais, familiares e de cansaço" do ex-ministro das Finanças, Campos e Cunha. No segundo caso, uma "mini-remodelação" ao nível de secretarias de Estado provocou uma crise política que culminaria na demissão do Governo de Pedro Santana Lopes.