Défice regressa. Até abril são 1259 milhões de euros

O Ministério das Finanças garante que a execução se encontra influenciada por efeitos sem impacto no défice que conta para Bruxelas.
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Depois do bom desempenho do primeiro trimestre do ano, as contas voltaram ao vermelho em abril, mas sem impacto no saldo em contas nacionais (a que conta para Bruxelas) garante o Ministério das Finanças.

"A execução orçamental das Administrações Públicas até abril, em contabilidade pública, registou um défice de 1259 milhões de euros, representando uma melhoria de 786 ME face a 2018", refere o comunicado enviado esta segunda-feira pelo gabinete de Mário Centeno.

"A execução até abril encontra-se influenciada por efeitos sem impacto no défice em contas nacionais, no valor de cerca de 713 milhões de euros", garante o governo.

Em causa estão três efeitos no valor de cerca de 846 milhões de euros:

Receita cresce quatro vezes acima da despesa

Até abril, a receita das administrações públicas registou um crescimento de 4,5% e a despesa de apenas 1,1%, um ritmo quatro vezes inferior face ao mesmo período do ano passado, de acordo com o comunicado do Ministério das Finanças que antecede a divulgação do relatório da execução orçamental pela Direção-Geral do Orçamento.

O gabinete de Mário Centeno refere que a receita fiscal cresceu 7,6%, com o IVA a ser, de novo o "rei" dos cofres públicos, registando um aumento de 8,8%. O IRS cresceu 3,2%.

As Finanças garantem que esta evolução positiva se deveu exclusivamente ao desempenho da economia, ao crescimento do emprego e ao alargamento do prazo de pagamento de impostos no final do ano passado. O gabinete de Mário Centeno refere que a receita fiscal cresceu "apesar da redução da carga fiscal associada a vários impostos, tais como o IRS (pelo impacto da reforma do número de escalões), o IVA (pela diminuição da taxa de vários bens e serviços) e o ISP (pela redução da taxa aplicada à gasolina em 3 cêntimos), concluindo que "este crescimento é assim justificado pelo bom desempenho da economia e pelo alargamento do prazo de pagamento de impostos no final de 2018."

Despesa com salários cresce quase 5%

Os salários da administração pública estão a pesar, tendo crescido até abril quase 5%. "A despesa com salários aumentou 4,7%, refletindo o descongelamento das carreiras, destacando-se os crescimentos expressivos na despesa com professores (4,3%) e profissionais de saúde (6,1%), superiores ao verificados nas restantes áreas", refere a nota do Ministério das Finanças.

"A despesa primária cresceu 1,7%, influenciada em grande medida pelo efeito do diferente perfil dos reforços para regularização de dívidas de anos anteriores do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Corrigido esse perfil, a despesa primária cresceria 3,1%, destacando-se o crescimento de 5,1% da despesa do SNS", sustentam a Finanças.

Mas a explicar o crescimento da despesa estão também as prestações sociais e as pensões da Segurança Social. "A evolução da despesa é também explicada pelo crescimento das prestações sociais (4,8%), em particular o forte aumento da despesa com a Prestação Social para a Inclusão (40,5%)", explica a equipa de Mário Centeno, acrescentando que "a despesa com pensões da Segurança Social cresceu 4,7%, refletindo o facto de a grande maioria dos pensionistas ter aumentos superiores à inflação e do aumento extraordinário de pensões em 2019 ter ocorrido logo no início do ano, pelo que a variação homologa é afetada pelos aumentos ocorridos em agosto de 2018 e em janeiro de 2019."

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