De risco geoestratégico a exemplo para eurocéticos
A saída da Grécia da zona euro, levada ao extremo de um abandono da União Europeia (UE), é vista como um cenário perturbador dos equilíbrios atuais na Europa do Sul. E poderia funcionar como o exemplo valioso para a argumentação dos eurocéticos na sua campanha contra a Bruxelas e, em última análise, a favor do desmantelamento da própria União.
As repetidas declarações de dirigentes dos Estados Unidos, a começar pelas do próprio Barack Obama, ilustram três das vertentes do problema. A primeira é a repercussão na conjuntura económica internacional, com efeitos indesejados como a instabilidade dos mercados financeiros e efeitos nos restantes setores. A segunda é o impacto político na Europa, onde o exemplo grego serviria para demonstrar que se pode sobreviver sem a UE, acentuando eventualmente as tendências centrífugas eurocéticas do Reino Unido. Uma UE sem Reino Unido não seria só menos poderosa em termos económicos, teria influência diplomática e estratégica, e os EUA perderiam o seu principal aliado na UE.
Finalmente, uma saída grega tornaria a Europa do Sul, direta ou indiretamente afetada por várias crises, da imigração ilegal a conflitos como o da Síria ou o israelo-palestiniano, uma região tendencialmente mais volátil, o que não deixaria de ter efeitos em todo o Mediterrâneo e massas marítimas contíguas, como o Mar Negro ou a passagem do Suez.