De desastre em desastre. Leão complica as contas
De desastre em desastre, o Sporting complicou as contas de um apuramento que parecia bem encaminhado no início da semana passada. Depois de dois triunfos estrondosos no início desta Liga dos Campeões (sobre o Tottenham e o Eintracht Frankfurt), os leões fizeram dois jogos desastrosos diante do mesmo adversário, o Marselha, que ontem venceu em Alvalade, por 2-0.
Por mais que Rúben Amorim diga que é preciso não cometer os mesmos erros jogo após jogo, a equipa insiste em mudar-lhe os planos. E já não dá para continuar a apregoar que são dores de crescimento. Hoje, Ricardo Esgaio e Pedro Gonçalves, dois dos mais experientes da equipa, foram expulsos em lances infantis e ridículos. Falham ambos a importante deslocação a Londres, no dia 26, para jogar com o Tottenham, o novo líder do grupo D, depois do triunfo sobre o Eintracht Frankfurt (3-2).
No jogo 100 pelo Sporting, Ricardo Esgaio borrou a pintura. Dois cartões amarelos em três minutos tiraram o leão do jogo e deixaram a equipa a jogar com menos um desde os 19 minutos! Primeiro fez uma falta desnecessária, sobre Nuno Tavares, depois cometeu um penálti infantil sobre Amine Harit. Tal como aconteceu há uma semana em Marselha, a equipa de Rúben Amorim ficava reduzida a 10 jogadores e em desvantagem no marcador. O uruguaio Franco Israel, que assumiu a baliza em vez do castigado Adán, ainda adivinhou o lado para onde Mattéo Guendouzi rematou, mas a bola saiu bem colocada para o 1-0 dos franceses.
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Obrigado a mudar a estratégia que tinha para o jogo, o técnico leonino sacrificou Morita para dar lugar ao jovem Fatawu, mas o mal estava feito. E pior ficou. Aos 31 minutos Alexis Sánchez fez o 2-0 e logo depois foi preciso recorrer ao plano C, com mais uma mudança forçada. Coates ressentiu-se de uma lesão e pediu a substituição. Desta vez, além de fazer entrar Marsà, Amorim sacrificou ainda Marcus Edwards em nome do equilíbrio do meio campo, com a entrada do grego Sotiris Alexandropoulos. A braçadeira de capitão foi para Gonçalo Inácio (titular no lugar do lesionado St. Juste).
Igor Tudor via a sua estratégia premiada ainda antes do intervalo. Obrigado a pontuar para não dizer adeus à Champions, o técnico do Marselha alterou seis elementos no onze e ganhou o meio-campo. Foi nessa superioridade no centro do terreno que esteve o segredo do triunfo francês.
Trincão fez o primeiro e único remate na primeira parte (37") para os leões, que só tiveram 41 % de posse de bola (37% no total do jogo), mas já não voltou para o segundo tempo. Com Porro, Paulinho e Rochinha no banco, Amorim apostou no jovem Nazinho. Um mistério para o técnico leonino esclarecer mais tarde, tal como o porquê de insistir em utilizar tantos jogadores fora da posição habitual.
Com o fator tempo do seu lado, o Marselha foi gerindo a partida, com uma desesperante troca de bolas a meio-campo - devagar... devagarinho - para desespero dos leões. O cartão vermelho mostrado a Pedro Gonçalves é exemplo do descontrolo emocional que se foi apoderando dos jogadores. O extremo viu dois cartões amarelos numa questão de segundos e acabou por ir tomar banho mais cedo.
Desde 1997 que a equipa leonina não tinha dois jogadores expulsos num jogo da Champions (Vidigal e Pedro Barbosa com o Bayer Leverkusen). O pior para o Sporting é que ainda faltava jogar... meia hora. Ver as bancadas a esvaziar, com os adeptos desalentados, aos 60 minutos é algo que Amorim devia levar em consideração. E se há jogo que deve servir de exemplo para aquilo que não se deve fazer é este.
Antes do apito final, o poste ainda evitou um autogolo de Marsà... a humilhação até podia ter sido maior. Em dois jogos, os franceses somaram seis pontos frente ao Sporting, que deixou de ser líder e terá agora uma complicada deslocação a Londres. Para as contas da época fica a quinta derrota em 13 jogos e uma certeza: é preciso recuperar os jogadores física e psicologicamente. A época ainda nem vai a meio.
isaura.almeida@dn.pt