Das estepes à Europa Central: tanta História para aprender

Editoras apostam forte nas obras de historiadores estrangeiros para conquistar os leitores fascinados com o mundo. Oferta é cativante.
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Sobre a fotografia que ilustra esta página muito já se escreveu, e mesmo o quanto foi encenada para glória da União Soviética tem sido outro debate interminável, mas serve na perfeição para mostrar como pessoas, sítios e acontecimentos se encadeiam e assim não é de estranhar que um livro como Nómadas, de Anthony Sattin, possa ter um ponto de contacto com Uma Nova História da Europa Central, de Martyn Rady. Ora esse ponto de contacto é Rakhimzhan Koshkarbayev, o soldado do Exército Vermelho que a 30 de abril de 1945 primeiro terá subido ao edifício em ruínas do Reich- stag para nele pôr a bandeira vermelha com a foice e o martelo.

Como estava já noite, e houvesse quem o alvejasse, não foi feita a foto tão desejada por Estaline da capitulação da Alemanha Nazi, finalmente conseguida dois dias depois com outros militares, escolhidos a dedo pela liderança moscovita. Mas pode afirmar-se - e há hoje uma estátua em Astana a recordá-lo - que foi um cazaque, um filho da estepe, o símbolo da vitória soviética sobre Hitler e também do início do domínio de Moscovo sobre a Europa Central e Oriental, que durou até à queda do Muro de Berlim em 1989.

O Cazaquistão de hoje reivindica como sua também a história do Império Mongol, e portanto quem ler Os Nómadas tem todos os motivos para ler também Genghis Khan e a Criação do Mundo Moderno, de Jack Weatherford, e já agora, para se perceber o choque entre os povos da estepe e a civilização islâmica sua vizinha mais a sul, recomenda-se Os Persas, de Lloyd Llewellyn-Jones.

Sendo os persas (os atuais iranianos) um povo antiquíssimo, é natural que a sua história tenha episódios comuns com a de outro povo com milénios, pelo que a leitura de Os Gregos - Uma História Global, de Roderick Beaton, faz igualmente todo o sentido, até porque não foi só no tempo de Alexandre, o Grande, que persas e gregos se cruzaram.

E por falar em cruzamento de culturas, o que dizer dos turcos, povo vindo da estepe da Ásia Central e que se tornou ocidental, como bem alerta Gábor Ágoston, no seu O Império Otomano e a Conquista da Europa. Claro que cruzamento de culturas muitas vezes é choque de culturas, e nesse contexto é muito esclarecedor o que relata Guerreiros Sagrados: Uma História Moderna das Cruzadas, de Jonathan Philips, mas também Os Vikings, de Neil Price, sobre um povo que navegou muito para Ocidente, mas também para Oriente, chegando a entrar em contacto até com o Califado Abássida.

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