D'Alva, Luís Silva, Prates e Soraia marcam pontos na novilhada de Lisboa
Num sábado chuvoso e pouco convidativo para ir aos toiros, com várias feiras a sul do País, com as equipas da segunda circular a jogarem, e, mesmo assim, o Campo Pequeno teve um entradão na novilhada de promoção aos jovens valores do toureio: cerca de 2500 pessoas! É obra!
No final das cortesias foi guardado um minuto de silêncio em honra de Angel Peralta, Criado Holgado e Silvestre Galhofas recentemente desaparecidos.
Abriu praça um bonito e bem apresentado novilho de António Silva. Bravo e nobre.
António Prates teve atuação extraordinária, arriscando muito desde o primeiro comprido. Nos curtos, as sortes foram ajustadas chegando com força ao público. Pena a aparatosa colhida num dos curtos, felizmente sem consequências para cavalo e cavaleiro.
Ricardo Cravidão enfrentou um novilho de Vale de Sorraia, com as características próprias da ganadaria, solto e distraído, mas que não complicou a vida a ninguém.
O cavaleiro andou intermitente durante a lide, alternando bons momentos com outros menos bons.
O novilho de Romão Tenório foi nobre, com algumas querenças em vários sítios da praça mas saindo sempre franco para o cavalo. Soraia Costa executou uma lide pulcra, mostrando boas maneiras e tentando sempre fazer as coisas como mandam os livros. Cravou bons ferros curtos e chegou com força às bancadas da Capital.
Nas pegas pelos Amadores da Moita foi à cara Fábio Silva - bem à primeira tentativa; Os da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, por Luís Silva, somente à terceira se fecharam na cara do Sorraia. Fechou a noite, para os rapazes das jaquetas das ramagens, pelos amadores da Arruda dos Vinhos, Pedro Belbut - boa pega à primeira tentativa.
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O novilho de São Torcato abriu a parte apeada, bonito e bem feito de tipo, não apontou nada bom desde a sua saída, manso e "deslucido".
O novilheiro Sérgio Nunes teve uma difícil papeleta. Mostrou vontade de agradar ao conclave, mas a sorte não lhe sorriu no sorteio. Cravou quatro pares de bandarilhas, que nem sempre tiveram muito brilhantismo.
O de Murteira Grave foi recebido com o capote à porta dos curros. Mais um par de faróis de joelhos aqueceram o ambiente, mas foi toureando à Verónica que saltaram os primeiros "olés" da noite. João d'Alva foi templando as francas, profundas, emotivas e humilhadas investidas do novilho por ambos lados. Uma série de naturais, enganchados adiante, longos e traçados em linha reta, mostram o excelente piton esquerdo do novilho e as qualidades que João tem para o toureio. Faena variada e muito ovacionada pelo público presente no Campo Pequeno. Nas bandarilhas andou variado e acertado.
O novilho de pelagem berrenda em negro, de Paulo Caetano, foi uma máquina de investir por ambos lados, bravo e nobre! Inteligente e assentado esteve o jovem novilheiro da Moita, Luís Silva. Deveras espantoso que um novilheiro, com tão poucas novilhadas na sua carreira, fosse capaz de "gerir" com tanto sossego os tempos entre muletazo e muletazo, embarcando o novilho em brilhantes séries. Esperou, acompasso, mediu as alturas em grandes séries de derechazos e naturais. Grande tércio de bandarilhas, que levantaram o público das bancadas. Quiçá excedesse o tempo da faena, algo lógico se atendermos às necessidades de mostrar o que leva dentro: uma atuação de se lhe "tirar o chapéu". O ganadero deu volta à praça concedida pelo diretor de corrida.
Fechou a noite um Vinhas, demasiado baixel de cara. Orientou-se, desenvolveu muito sentido, colheu com violência o novilheiro. Rui Jardim mostrou boas maneiras e conseguiu pulsear a viagem do difícil novilho num par de tandas, mas havia pouca água para tirar de um poço quase seco...
Dirigiu a corrida Manuel Gama.
Síntese do Festejo
Cavaleiros praticantes: António Prates, volta; Ricardo Cravidão, volta; Soraia Costa, volta;
Forcados Amadores: da Moita, volta; da Tertúlia Tauromáquica do Montijo; da Arruda dos Vinhos, volta
Novilheiros: Sérgio Nunes, volta; João D'Alva, volta; Luís Silva, volta; Rui Jardim, volta
Ganadarias: Novilhos de diversas ganadarias e com jogo variado. Para lide a cavalo: António Silva, Vale de Sorraia, Romão Tenório. Para lide a pé: S. Torcato, Murteira Grave, Paulo Caetano (premiado com volta à arena pelo desempenho do seu toiro), Vinhas
*As voltas à arena no final das lides são concedidas pelo diretor de corrida como prémio à qualidade artística da atuação dos intervenientes ou pela bravura dos toiros.