Dallas Mavericks mudam de nome para o mercado chinês
Nenhuma grande liga desportiva profissional com ambições globais pode descurar a importância de entrar no maior mercado do planeta. A China e os seus mais 1,4 mil milhões de consumidores são um fator de atração irresistível e a NBA tem sabido melhor do que ninguém conquistar esse eldorado. A última prova chega através dos Dallas Mavericks, que decidiram mesmo mudar de nome no mercado chinês para "corrigir" uma histórica má interpretação que fazia a equipa texana, numa tradução livre, ser conhecida como Dallas... vaquinhas (Little Cows).
Desde a última quarta-feira, a equipa do multimilionário Mark Cuban já não se chama mais Dallas Mavericks na China, mas antes Dallas Lone Rangers Heroes (Heróis Justiceiros Solitários). Esta foi a nova designação escolhida entre as mais de 50 mil propostas de internautas chineses na rede social Weibo, numa campanha de crowdsourcing lançada pela franquia da NBA em setembro passado, depois de Cuban ter tomado consciência da estranha tradução de Mavericks durante uma viagem à China.
"Não fiquei nada feliz, obviamente. Ninguém quer ser conhecido como vaquinha", justificou Mark Cuban à ESPN sobre a decisão dos Mavericks - nome que em inglês significa algo ou alguém com espírito livre (um rebelde) -, cujo símbolo contém até a imagem de um cavalo, em avançar com a operação de rebranding para o mercado chinês.
A mudança foi oficializada durante a transmissão do jogo frente aos campeões Golden State Warriors na Tencent Sports, gigante tecnológica que detém o exclusivo da difusão da NBA na China desde 2015. "Tornar o nome chinês dos Mavericks mais correto tem um enorme significado. É uma medida histórica para o desenvolvimento da NBA na China", considerou Shi Yankui, diretor da Tencent, que pagou à liga norte-americana de basquetebol 500 milhões de dólares (415 milhões de euros) pela difusão dos jogos durante um período de cinco anos, no maior contrato internacional de sempre para a NBA.
"Com esta mudança de nome, fizemos história ao permitir ao fãs chineses a oportunidade de redefinir a nossa identidade. Penso que eles vão ficar orgulhosos deste novo nome", acrescentou Mark Cuban, empresário com fortuna feita no universo das tecnológicas durante o boom das "dot com", no final do século passado, e que se tornou sócio maioritário dos Dallas Mavericks em 2000. A ligação da equipa ao mercado chinês, no entanto, é ainda mais antiga, pois a formação do Texas foi a primeira da NBA a contratar um jogador daquele país: Wang Zhizhi, em 1999.
Desde então, a liga norte-americana de basquetebol não parou de aumentar a sua popularidade no outro lado do mundo, principalmente com a escolha do gigante Yao Ming como n.º 1 do draft de 2002 pelos Houston Rockets, e a China tornou-se mesmo o principal mercado global da NBA: as transmissões das últimas Finais atraíram mais de 200 milhões de acessos via telemóvel e a conta da liga na rede social Weibo tem quase 34 milhões de seguidores, sete milhões mais do que a conta no Twitter.
Agora, o impacto do mercado chinês ganha ainda uma maior dimensão, mexendo com a própria identidade das equipas. Para já, nasceram os Dallas Lone Rangers Heroes. Mas não deve ficar por aqui. "Isto é apenas o início", diz Shi Yankui, da Tencent Sports: "Queremos ajudar mais equipas a encontrar o seu nome chinês perfeito."