CUF recusa eutanásia nos seus hospitais

Mesmo que os deputados votem favoravelmente a despenalização da eutanásia, o grupo José Mello Saúde não vai aceitar por fim à vida de um doente em estado terminal por "respeito absoluto pela vida humana e pela dignidade da pessoa", revelou a administração num comunicado interno.
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Os hospitais da CUF recusam a prática da eutanásia nos seus hospitais, mesmo que a despenalização seja aprovada pela Assembleia da República, a 20 de fevereiro. O "respeito absoluto pela vida humana e pela dignidade da pessoa" está acima de tudo, considera o grupo José Mello Saúde, detentor de todos os hospitais e clínicas CUF, num comunicado interno enviado a mais de oito mil trabalhadores, a que o DN teve acesso.

"No âmbito da discussão na Assembleia da República sobre a despenalização da morte medicamente assistida, a José de Mello Saúde e os seus Conselho Médico e Conselho de Enfermagem vêm reafirmar o compromisso com o seu Código de Ética, aplicável a todas as unidades da rede CUF, que consagra o princípio do respeito absoluto pela vida humana e pela dignidade da pessoa", pode ler-se no comunicado, assinado pelo presidente do Conselho de Administração.

O grupo privado afirma ainda que a vida humana é "o primeiro e mais elevado de todos os valores" e que os doentes são "um objeto das intervenções médicas e com uma dignidade intrínseca e constitutiva que nenhuma doença, em nenhuma fase, afeta, diminui ou anula". Acrescentando que os "interesses da Ciência e da Sociedade não se devem sobrepor" aos da vida humana. Comprometem-se com um Código de Ética estipulado pelo grupo e consideram que "nem tudo o que é tecnicamente possível é aceitável".

"Esta opção não constitui de forma alguma, qualquer limitação à qualidade do desempenho técnico e científico dos profissionais de saúde da rede CUF. Pelo contrário, impõe a todos, sem exceção, a mais elevada competência, seja técnica, científica, profissional e humana, porque esta é a primeira linha do respeito devido à dignidade das pessoas doentes", refere ainda a nota interna.

A despenalização da morte medicamente assistida vai a votos no Parlamento na próxima quinta-feira, dia 20 de fevereiro, com base em propostas do BE, do PS, do PAN, do PEV e da Iniciativa Liberal, que preveem essa possibilidade sob várias condições.

Em 2018, o parlamento debateu projetos de despenalização da eutanásia, apresentados pelo PS, BE, PAN e Verdes, mas foram todos chumbados, numa votação nominal dos deputados (um a um) e em que os dois maiores partidos deram liberdade de voto. Este ano, um grupo de cidadãos iniciou uma recolha de assinaturas para realização de um referendo sobre a matéria, que tem o apoio da Igreja Católica. Dos partidos com representação parlamentar, apenas o CDS-PP e o Chega apoiam a ideia, assim como vários dirigentes do PSD.

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