Crédito continua a aquecer. Portugueses pediram 1481 milhões para comprar casa

A manter-se o atual ritmo, 2019 vai ser o ano mais forte da década na concessão de crédito à habitação e ao consumo. Taxa de juro dos contratos continua a descer.
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O mercado de crédito continua a aquecer. Nos dois primeiros meses de 2019 os portugueses pediram 1481 milhões de euros aos bancos para comprar casa. É o valor mais alto desde 2010 e supera os 1310 milhões de euros registados há um ano.

Os dados divulgados nesta terça-feira pelo Banco de Portugal mostram que, apesar de, em termos mensais, se assistir desde janeiro a uma descida do total de novos empréstimos à habitação, o crédito concedido nos dois primeiros meses deste ano está em máximos. "Esta descida é sazonal. Nos últimos dez anos, pelo menos, tivemos sempre uma descida nos novos empréstimos nos primeiros dois meses, para depois haver uma recuperação em março", disse Filipe Garcia, economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, ao DV/DN. "Temos de esperar pelos números de março para ver se há uma inflexão. Mas ainda não há sinais de haver uma viragem na tendência de crescimento", adiantou.

Desde julho de 2018 que estão em vigor recomendações do Banco de Portugal para os bancos apertarem as condições de concessão de crédito à habitação e ao consumo. Mas a concorrência entre os bancos tem levado a uma descida das taxas de juro oferecidas nos novos contratos. Há bancos a garantir um spread de 1%.

No final de fevereiro, a taxa de juro média dos novos créditos à habitação desceu três pontos-base e fixou-se nos 1,37%. Esta descida acontece apesar de os bancos estarem a propor contratos com taxa fixa.

Sinal de confiança

O recurso ao crédito é visto como um sinal de confiança na economia por parte das famílias. Os portugueses estão a apostar que as taxas Euribor vão manter-se em níveis baixos durante os próximos anos e que os custos dos seus contratos de crédito não vão ficar mais caros.

Do lado dos bancos, o facto de os preços das casas em Portugal continuarem em alta suporta a perspetiva de que, em caso de incumprimento de contratos, a recuperação dos empréstimos está garantida. Em 2018, o preço médio de venda dos imóveis no país subiu 10,3%. Em fevereiro deste ano, a avaliação do metro quadrado pela banca renovou recordes. Cada metro quadrado valeu, em média, 1239 euros. O valor sobe há 23 meses consecutivos. Além de que os bancos financiam até 80% do valor dos imóveis.

Por outro lado, o mercado imobiliário português tem características diferentes das verificadas há dez anos, já que conta hoje com mais investidores, nomeadamente estrangeiros.

No Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito que o Banco de Portugal também divulgou nesta terça-feira, no primeiro trimestre de 2019 a concessão de crédito ficou estabilizada face ao último trimestre de 2018. Os bancos não esperam uma alteração na procura nem nas condições para a concessão de crédito no segundo trimestre.

Estas expectativas também se aplicam ao crédito ao consumo, que continua a subir. Os portugueses pediram 703 milhões de euros para consumo, desde o início do ano e até ao final de fevereiro. E endividaram-se em 296 milhões de euros para outros fins que não a habitação nem o consumo. No total, a dívida dos particulares subiu em 2480 milhões de euros só nos dois primeiros meses deste ano. São mais 186 milhões de euros do que o total de empréstimos contratados em janeiro e fevereiro de 2018. A continuar a este ritmo, 2019 será o ano mais forte da década.

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