Crato recusa qualquer influência na prova de avaliação dos professores

O ministro da Educação afirmou hoje que "não é muito desculpável" que pessoas com mais de 10 anos acreditem que é ele quem elabora as provas.
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O Ministro da Educação, Nuno Crato, disse hoje não ter qualquer influência na elaboração da prova de avaliação de professores, lembrando que essa matéria é da responsabilidade de um organismo independente do ministério, o IAVE.

Durante o discurso de abertura da 2.ª Conferência da Liberdade de Escolha da Escola, o ministro da Educação e Ciência falou sobre a Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos (PACC), que tem provocado fortes críticas por parte de professores, sindicatos, instituições de ensino e partidos políticos, desde que foram conhecidos os maus resultados dos docentes que a realizaram em dezembro.

Para Nuno Crato "não é muito desculpável" as pessoas acreditarem que o ministro tem alguma influência na elaboração da prova.

Recordando a história de duas crianças, de 10 e 12 anos, que o imaginavam, em casa, a preparar os exames nacionais para os alunos, o ministro defendeu hoje que essa ideia só pode ser aceite no universo das crianças.

"Eles acreditavam, na sua ingenuidade, um garoto de 10 anos e outro de 12, que o ministro, em casa, faria as provas de Português, de Matemática, talvez outras também de Francês e Geografia. Agora, que algumas pessoas hoje acreditem que o ministério tenha alguma influência e que o ministro, em particular, tenha alguma influência nas provas, tanto em provas de jovens como de professores, é algo que já não é muito desculpável a partir dos 10 anos de idade", considerou.

Nuno Crato lembrou que atualmente é o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) quem está responsável por esse trabalho: "Instituímos um instituto de avaliação educativa independente com conselho geral, com representação de vários sectores da sociedade, e esse instituto independente fiscaliza e propõe as pessoas para o conselho diretivo que é o garante da independência desse instituto".

Mais de um terço dos 2490 professores que realizaram a PACC em dezembro chumbaram, sendo que apenas os aprovados poderão inscrever-se para realizar a segunda fase da prova, a componente específica, que é feita tendo em conta os grupos de recrutamento nos quais os professores lecionam ou pretendem lecionar.

Durante o encontro organizado hoje em Lisboa pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), o ministro lembrou ainda o processo de descentralização da educação que está a ser desenvolvido com algumas autarquias do país e deverá começar a funcionar no próximo ano letivo.

Já João Alvarenga, presidente da Confederação Nacional da Educação e Formação (CNEF), falou apenas na importância de os pais poderem escolher a escola dos seus filhos, sublinhando que se trata de "um direito que os encarregados de educação têm" e que está a ser implementado na Europa.

O presidente do CNE, David Justino, sublinhou a importância do encontro que está a decorrer em Lisboa por permitir "ouvir quem faz educação todos os dias" e desta forma "produzir conhecimento para sustentar as posições" do órgão que preside.

A "2.ª Conferência da Liberdade de Escolha da Escola -- os instrumentos da liberdade" pretende ser "um debate sobre possíveis instrumentos e mecanismos de concretização da escolha de modo justo e promotor de equidade", defende o CNE.

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